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Análise Eleição Americana

Irã deve dominar a pauta diplomática da eleição dos EUA

Um ataque americano ao país é medida bem recebida por grande parte do eleitorado, mas Obama resiste

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Temas de política externa já não têm na eleição presidencial americana a importância primordial dos tempos da Guerra Fria.

Mas alguns ainda podem ajudar parcela dos eleitores a definir seu voto.

Na campanha de 2012, o assunto internacional que provavelmente vai despertar mais atenção pública é o Irã, que foi fator decisivo para a derrota de Jimmy Carter para Ronald Reagan em 1980.

Naquele ano, o recém-formado regime dos aiatolás resolveu manter presos os 52 cidadãos americanos feitos reféns em sua embaixada em Teerã em novembro de 1979 enquanto durasse o governo de Carter, que concorria à reeleição.

Eles só foram libertados no dia da posse de Reagan, em janeiro de 1981.

Não há esse tipo de situação de drama pessoal agora, nem o presidente Barack Obama corre o risco de um vexame como o da fracassada operação Garra da Águia, que tinha como objetivo libertar os reféns e acabou com a morte de oito soldados americanos antes de dispararem um só tiro contra os inimigos.

FATOR ISRAEL

A situação atual se assemelha mais à de 1964, quando um grande adversário dos EUA, a China, estava prestes a detonar sua primeira bomba atômica e muita gente achava que o presidente Lyndon Johnson, também aspirante à reeleição, devia impedir militarmente que isso ocorresse.

Johnson preferiu não intervir e ganhou o pleito (não por essa decisão, certamente) com facilidade e com o auxílio de uma poderosa peça publicitária na qual se sugeria que seu oponente, o republicano Barry Goldwater, poderia conduzir o mundo a uma guerra atômica.

Atacar o Irã pode ser uma medida bem recebida por considerável parcela da sociedade americana.

Isso é o que alguns observadores aconselham Obama a fazer e alguns aspirantes à candidatura de oposição insinuam que fariam se eles estivessem instalados na Casa Branca.

Outros acham que Obama deve deixar essa tarefa para Israel (ou mesmo instigar esse país a agir assim) em vez de se esforçar para impedir que o Estado judeu ataque o Irã, como tudo indica que esteja fazendo.

Por enquanto, nada indica que Obama considere qualquer alternativa militar.

Mas ele vem, empurrado pelo Congresso e pela iniciativa da União Europeia, apertando o torniquete das sanções econômicas contra o Irã.

Se a campanha eleitoral ficar acirrada, o Irã se mantiver infenso a negociações sobre seu programa nuclear, as sanções econômicas não funcionarem e o candidato de oposição for capaz de convencer parte do eleitorado de que com Obama reeleito o Irã se tornará potência atômica, isso pode mudar, mas é improvável que essa combinação de variáveis ocorra.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa" e autor de "Correspondente Internacional" (Contexto)

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