Rachado, peronismo chega à eleição com 3 candidatos
Maior força política argentina vê disputa de votos entre o escolhido por Cristina para sucedê-la e os autodeclarados 'independentes'
Há uma máxima na política argentina segundo a qual o peronismo admite apenas um líder, e que os seus aliados devem se enfileirar atrás dele para apoiá-lo. Mas o cenário das eleições presidenciais deste ano é diferente.
Os peronistas –a mais numerosa força política do país– chegam divididos à votação deste ano. De um lado, o governista Daniel Scioli, que recebeu a bênção de Cristina Kirchner para defender sua gestão nas urnas. Do outro, duas lideranças peronistas, de uma linhagem hoje autodeclarada "independente", tentam mostrar-se como uma alternativa "nacional e popular" ao kirchnerismo. São eles Sergio Massa e José Manuel de La Sota, que juntos somam 18% das intenções de voto, de acordo com as mais recentes pesquisas eleitorais.
Em terceiro lugar na disputa, os dois representam um espaço político que tenta capturar votos de peronistas descontentes com Cristina.
Segundo a última pesquisa da consultoria Giacobbe y Associados, com 1.500 entrevistados, quase um quinto dos eleitores se declarou peronista, e só 8% se disseram kirchneristas.
CAMPANHA
Para o político Julio Bárbaro, que integrou o governo Kirchner e hoje faz críticas a Cristina, o peronismo chega fraturado pelo kirchnerismo nestas eleições. "O peronismo quer tirar de cima dele o kirchnerismo", disse Bárbaro à Folha.
Segundo ele, um indício é que Daniel Scioli, que se declarava fiel a Cristina, passou nos últimos dias a seduzir peronistas históricos.
"Scioli já conquistou a confiança dos kirchneristas e agora quer mostrar-se mais peronista do que kirchnerista", afirma Bárbaro.
Enquanto Scioli foi atrás de peronistas independentes, Massa buscou votos nas províncias do norte do país, onde Scioli é forte. Já o cordobês De la Sota avançou sobre o território dos outros dois: a província de Buenos Aires.
"Scioli é a cara do governo e apenas quer lhe dar um tom mais simpático", afirmou De la Sota à Folha. "Não tenho dúvidas de que os peronistas, se me veem triunfar nas primárias, vão me acompanhar nas eleições de outubro".