Grécia recebe mais imigrantes em julho do que em todo o ano de 2014
Segundo órgão da ONU, mais de 50 mil pessoas chegaram ao país apenas no mês passado
Mais de 80% dos que emigraram para a Grécia e chegaram na última semana fugiram do conflito na Síria
O número de imigrantes recebido pela Grécia apenas em julho de 2015 superou o total recebido ao longo de todo o ano de 2014, segundo dados divulgados nesta terça (18) pelo Acnur, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
Os dados comprovam, em números, a visível escalada da crise migratória enfrentada pelo país, que já sofre com problemas econômicos.
De acordo com a Acnur, a Grécia recebeu, no mês passado, 50.242 imigrantes –a maioria fugindo do conflito na Síria. Durante todo o ano de 2014, chegaram ao país cerca de 43,5 mil pessoas.
Os números, aparentemente, seguem crescendo. Só na última semana, cerca de 21 mil imigrantes chegaram ao país mediterrâneo.
Com os dados de julho, o registro, desde o início do ano, sobe para 160.172, segundo a agência. Destes, 1.716 chegaram pela fronteira por terra com a Turquia, enquanto o restante utilizou a via marítima, a partir também do território turco.
A ilha de Kos, no mar Egeu, distante 4 km da costa de Bodrum, na Turquia, é uma das principais portas de entrada de imigrantes e um dos focos da crise humanitária.
Recentemente, a polícia recolheu centenas de imigrantes que acampavam na ilha e, por falta de espaço, os deteve em um estádio de futebol abandonado. A polícia alegou que o objetivo era registrar os imigrantes antes que seguissem para Atenas e, de lá, para países da Europa ocidental.
Devido à situação econômica da Grécia, a quase totalidade dos estrangeiros que chegam não querem permanecer no país, mas sim seguir para lugares mais desenvolvidos da União Europeia, como Holanda e Alemanha.
ORIGEM
Segundo informou o porta-voz do Acnur William Spindler, na segunda semana de agosto, 82% dos imigrantes que chegaram à Grécia –ou cerca de 17 mil– eram sírios. Outros 14% eram afegãos, e 3%, iraquianos.
"Isso confirma que a maioria absoluta dos recém-chegados são candidatos ao status de refugiados", afirmou Spindler, em Genebra.
O Acnur defendeu, em nota, uma resposta "de toda a Europa" para lidar com a crise. "A infraestrutura de recepção e os serviços e procedimentos de registro, tanto nas ilhas como na porção continental [da Grécia], precisam ser reforçados urgentemente", disse Spindler.
"Estamos recomendando às autoridades gregas que designem um único órgão para coordenar uma resposta emergencial e articular um mecanismo de assistência humanitária adequado. Países europeus deveriam apoiar a Grécia nesses esforços."
Desde o início de 2015, o Acnur estima que 264,5 mil imigrantes tenham cruzado o Mediterrâneo para chegar à Europa. A maioria (60%) foi para a Grécia. A Itália recebeu 104 mil imigrantes, enquanto 1.953 se dirigiram à Espanha, e 94, a Malta.