Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Republicanos cobiçam ricos na Flórida

Na reta final de primária para decidir opositor de Barack Obama, Romney e Gingrich cortejam eleitorado de elite

Segmento é tido como estratégico por seu poder de arrecadar recursos e capacidade de influenciar opiniões

Brian Snyder/Reuters
Eleitores fazem juramento de fidelidade aos EUA durante evento de campanha de Mitt Romney em Naples, na Flórida
Eleitores fazem juramento de fidelidade aos EUA durante evento de campanha de Mitt Romney em Naples, na Flórida

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A NAPLES E PALM BEACH (FLÓRIDA)

Serena Rasmussen, usando um broche com diamantes na forma da bandeira dos EUA, defende Mitt Romney como o mais preparado para disputar a Casa Branca pelo Partido Republicano.

Marlene Aiello, enormes brincos de pérola, interrompe a conversa para dizer que prefere Newt Gingrich, pois ele "pensa alto".

"Mas somos amigas", diz, aludindo à troca de acusações cada dia mais ferozes entre os dois pré-candidatos.

Elas são parte de um grupo cobiçado, mas frequentemente omitido nos discursos dos pré-candidatos, que ganhou o foco nas últimas 60 horas de campanha na Flórida: aposentados ricos.

Por causa de suas contribuições de campanha e porque é mais propenso a votar (o que nos EUA não é obrigação), ele se tornou fundamental na prévia partidária de amanhã na Flórida.

Com a pulverização dos resultados nos três Estados que votaram antes, o embate virou quase uma final antecipada cujo prêmio é a condição de favorito na corrida (Romney lidera as pesquisas).

Cientes, os dois principais pré-candidatos desdobraram-se em uma agenda superlotada que, a cada dia, os leva a quatro, cinco ou seis cidades distintas, preocupados em prestigiar cada grupo-chave: os latinos, os judeus, os aposentados e os veteranos (militares e do programa espacial).

Por isso, foi um Gingrich visivelmente cansado e sem o furor retórico de costume que subiu ao palco de um centro de artes na rica Palm Beach para falar a 600 pessoas que haviam pago US$ 195 (R$ 340) por um jantar cuja renda vai para o seu partido.

A plateia havia esperado uma hora pelo discurso. Parecendo pouco animada e dispersa, só levantou em aplausos e gritinhos quando subiu ao palco Herman Cain.

Era a surpresa da noite: o ex-rival de Gingrich, que deixara a disputa em dezembro sob suspeitas de assédio sexual, declarou seu apoio ao ex-presidente da Câmara.

Cerca de 14 horas depois, Romney subiria em um palanque em uma praça de Naples, cidade de 20 mil habitantes cuja renda per capita anual é de US$ 78 mil e, diz o Censo americano, 48,5% da população tem mais de 65 anos -nos dois casos, quase o triplo da média estadual.

OPERAÇÃO SIMPATIA

Como o rival, o candidato parecia sugado por uma agenda que o leva a rodar centenas de quilômetros por dia (a maior parte deles no ônibus de campanha).

Falou por não mais que 20 minutos, defendendo sua experiência como executivo e investidor que ressoa muito bem entre essa população, e recitando versos de uma canção patriótica.

No que pareceu um esforço para parecer mais simpático -Romney é criticado por seu jeito mecânico, quase frio-, apresentou 1 dos 5 filhos, 1 dos 15 netos, e a mulher, Ann. Coube a ela contar anedotas familiares retratando o candidato como um bom pai e marido.

Sem que boa parte dos pouco mais de mil presentes pudesse vê-lo, tirou algumas fotos e partiu, apressado.

Com chances mínimas, o deputado Ron Paul desistiu do Estado e focou recursos direto na próxima etapa, no Maine. Rick Santorum cancelou a agenda por problema de saúde de sua filha caçula.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.