Diversidade da base de Trump indica que candidatura pode avançar
Empresário é apreciado pela franqueza e distância da política convencional; apesar de rejeição, seu nome tem unido setores distintos
Assessores republicanos têm se consolado com a ideia de que a primazia de Donald Trump nas pesquisas é como um amor de verão: insustentável, dependente da atração que Trump exerce sobre pequenas fatias do público e amparada em pesquisas ainda pouco confiáveis.
Um conjunto crescente de evidências, porém, sugere que eles podem estar errados.
Sondagens, entrevistas com simpatizantes e uma nova pesquisa com base em histórico de votação (o voto nos EUA não é obrigatório) apontam que o empresário formou uma coalizão ampla e variada em torno de sua personalidade, não de propostas.
Uma coalizão que supera divisões demográficas e políticas, apesar de suas declarações potencialmente daninhas com certos setores.
Em repetidas pesquisas de opinião com eleitores republicanos, Trump lidera entre as mulheres, apesar de tê-las chamado de "porcas gordas"; entre os evangélicos, apesar de ter dito que nunca pediu perdão a Deus; entre os moderados e mais instruídos, não obstante sua mensagem populista e anti-imigração; e entre os eleitores frequentes, mais inclinados a votar.
Esse caráter incomum da base de Trump não lhe garante sucesso nas eleições primárias de 2016, e menos ainda depois delas. Pesquisas de opinião sugerem ainda uma barreira: a maioria dos republicanos não é a favor de sua candidatura, e sua rejeição é maior do que seu apoio.
Ainda assim, a amplitude de sua base surpreende em tempos de divisões de todos os tipos no Partido Republicano e sugere que Trump tem potencial de superar as candidaturas estapafúrdias das primárias passadas.
Dá indício, ainda, das pressões que Jeb Bush e Scott Walker, considerados os pré-candidatos com mais chance, sofrerão para enfrentá-lo.
Indagados sobre sua preferência por Trump, eleitores diversos repetem que ele é corajoso, franco e politicamente incorreto. O "trumpismo", sugerem as pesquisas, é uma atitude, não uma ideologia.
As fontes dessa popularidade ainda são pouco nítidas para os pesquisadores, e muitos a atribuem à raiva do eleitor republicano. Mas entrevistas com eleitores destacam que sua personalidade é um fator crucial, e por isso suas declarações desmedidas e sua falta de lealdade ao partido não o prejudicam.
Ao contrário: para muitos republicanos, esses são sinais que confirmariam que Trump é um outsider, alguém de fora da política convencional, o que satisfaz a ânsia de muitos eleitores por franqueza.