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Cuba vai substituir 20% da cúpula do PC

Anúncio ocorre após decisão de impor limite de dez anos para os mandatos de 'cargos fundamentais' do regime

Renovação de Comitê Central ocorrerá nos próximos 4 anos; Dilma Rousseff chegou ontem à ilha para visita oficial

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A HAVANA

O Partido Comunista Cubano abriu as portas para a renovação nos próximos quatro anos de até 20% dos integrantes da cúpula ampliada do partido, o Comitê Central, segundo documento publicado ontem na imprensa oficial.

Foi uma decisão da Primeira Conferência Nacional da sigla. Em seu discurso, Raúl Castro anunciou a limitação dos mandatos para "cargos fundamentais" para o máximo de dez anos. A implementação será "paulatina".

Não ficou claro se a regra de limitação do mandato se aplica também ao próprio Raúl. Aos 80 anos, ele teria 87 quando seus dez anos de poder acabarem, em 2018.

A decisão de renovar até um quinto do Comitê Central ocorre numa conjuntura na qual o colegiado, de 114 membros, tem vários integrantes com mais de 70 anos.

Em setembro, o comitê perdeu um de seus membros mais importantes: Julio Cesar Regueiro, 75, ministro da Defesa e muito próximo a Raúl, morreu de ataque cardíaco.

Num cenário em que o próprio Raúl diz que não há sucessores no horizonte, observadores políticos dentro e fora da ilha se voltam para uma figura: o coronel do Exército Alejandro Castro Espín, 47, único filho homem do ditador. Uma das apostas é que ele possa aparecer no renovado Comitê Central.

Para Esteban Morales, professor da Universidade de Havana e integrante do PC, a conferência do fim de semana deixou para o futuro temas importantes, mas tomou decisões positivas, como a limitação de mandatos. "É importante que seja estabelecido. Será aplicado com quem tem 40 anos hoje, não com os que já passaram de 70."

Já sociólogo cubano Haroldo Dilla diz que o tema revela uma tensão crescente na elite política cubana. "Não há regras de circulação de elite política em Cuba e isso provoca tensão."

Dilla chamou de "cínica" a instituição do mandato limitado porque a família Castro e os líderes "históricos", que venceram em 1959, provavelmente não serão afetados.

VIÚVA

A Comissão de Direitos Humanos de Cuba, tolerada pelo regime, promoveu ontem em Havana uma entrevista coletiva com a Marizta Pelegrino, 28, viúva de Wilmar Villar, 31, dissidente político morto no dia 13 após 48 dias e greve de fome. Ela negou a versão do governo de que Villar fosse um preso comum e que a tenha agredido numa briga doméstica.

Nem Pelegrino nem os ativistas disseram esperar que a presidente Dilma Rousseff, que chegou ontem a Cuba, mencione publicamente o tema de direitos humanos.

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