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Candidato mexicano quer tirar Exército de combate ao tráfico

Enrique Peña Nieto, de oposição, lidera todas as pesquisas para eleição em julho; governo defende enfrentar os cartéis

Estratégia do atual presidente é polêmica, pois pode ter tido como efeito colateral o aumento de homicídios

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O Exército mexicano será gradualmente retirado da guerra ao narcotráfico se Enrique Peña Nieto ganhar a eleição de 1º de julho.

Foi o que disse à Folha o candidato do PRI (Partido Revolucionário Institucional), que lidera todas as pesquisas.

As Forças Armadas entraram na guerra a partir da posse, em 2006, do atual presidente, Felipe Calderón, do conservador PAN (Partido de Ação Nacional).

O resultado da intervenção militar é controvertido. Há quem ache que a violência só aumentou, do que daria prova as 47.515 pessoas assassinadas no país de 2006 até setembro passado.

Mas o governo diz que a esmagadora maioria das mortes são ajustes de contas entre os integrantes dos diferentes cartéis e se concentram em apenas alguns Estados.

Recente relatório da Procuradoria Geral informa que "70% das mortes ocorreram no contexto da rivalidade entre grupos criminosos e se deram em oito Estados".

O presidente Calderón justifica o recurso ao Exército com a afirmação de que, se nada tivesse sido feito, "o país estaria completamente dominado pelos cartéis e o crime organizado teria crescido até o ponto de que as instituições do Estado teriam deixado de funcionar e seriam postas a serviço do crime".

Peña Nieto, o jovem político (45 anos) que fez fama no governo do Estado do México, cargo que deixou em 2011, parece não compartilhar da tese algo apocalíptica de Calderón.

É verdade que condiciona a retirada do Exército a um levantamento para conhecer qual é a força do crime organizado em cada região.

Mas acha que algumas das instituições, no caso as forças civis de repressão, se fortaleceram o suficiente nos últimos anos para permitir a gradual retirada do Exército.

Este, aliás, entrou exatamente porque Calderón avaliava que a polícia estava tão infiltrada pelos cartéis que não poderia ganhar a guerra contra o narcotráfico.

ENERGIA

Outra novidade a ser introduzida por Peña Nieto, se ganhar: a abertura do setor energético à iniciativa privada, seguindo, diz ele, o modelo da Petrobras.

"Não se trata de privatizar a Pemex (a Petrobras mexicana) mas de aceitar a participação do setor privado. A propriedade continuará, no entanto, nas mãos do Estado."

Seria um imensa heresia para um líder do PRI abrir mão da estatização do petróleo, parte da herança histórica do partido que governou o México durante 71 anos, desde 1929 até o ano 2000.

De todo modo, Peña Nieto anuncia o abandono dos "paradigmas ideológicos". Diz: "Nos afastaremos de posições ideológicas, partidárias, para sermos pragmáticos".

O pragmatismo inclui tentar seduzir investidores, como os do banco Itaú. Ele já esteve com Ricardo Villela Marinho, executivo do banco, para convencê-lo a se instalar no país.

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