Nações Unidas aprovam 'agenda sustentável global' para 2030
Mecanismo visa envolver sociedade civil, mas enfrenta obstáculos
A ONU aprovou, nesta sexta (25), um agenda de desenvolvimento sustentável global que, ao contrário dos Objetivos do Milênio, inclui os países desenvolvidos no cumprimento de metas para 2030.
O documento propõe 17 objetivos para acabar com a pobreza, proteger o ambiente e oferecer educação de qualidade, entre outros. A agenda serve como uma espécie de acordo de princípios entre os Estados-membros, mas sua aplicação encontra barreiras.
A primeira delas é o financiamento. Os países não são obrigados a investir em projetos multilaterais e raramente cumprem suas promessas de destinação de recursos, com exceção do Reino Unido.
Por isso, países pobres têm dificuldades de viabilização.
A segunda barreira é a resistência a medidas de combate às mudanças climáticas. O engajamento de grandes economias como a chinesa, a maior poluidora do planeta, ainda gera desconfianças.
No Brasil, os esforços do governo têm sido vistos com ceticismo por ambientalistas. No meio empresarial, indústrias como a do aço mostram mais resistência a adotar práticas sustentáveis.
METAS PARA O CLIMA
O governo fechou o pacote de clima que apresentará neste domingo (27) na ONU e no fim do ano na conferência do clima das Nações Unidas, em Paris, na última hora.
Com outras prioridades no Brasil, a presidente Dilma Rousseff deixou a ONU antes da abertura da cúpula de desenvolvimento sustentável para definir com assessores as metas numéricas que o país fixará para reduzir a emissão de gases estufa, o INDC. O prazo estipulado pela ONU para os países anunciarem seus números acaba dia 1º de outubro.
PROMESSAS
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que os objetivos representam "a promessa de líderes" para "as pessoas e o planeta".
A agenda prevê participação da sociedade civil e da iniciativa privada mais ativa que nos Objetivos do Milênio.
Jorge Soto, diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem (empresa do setor químico do grupo Odebrecht) e representante empresarial brasileiro no evento, disse que a expectativa é que as metas inspirem políticas públicas e norteiem investimentos privados. O objetivo 9 estipula a promoção da "industrialização sustentável".
Para o pesquisador do instituto Brookings John McArthur, "será preciso uma quantidade considerável de diálogo para traduzir o acordo internacional em formas práticas de implementação".
A Agenda 2030 nasceu na Conferência Rio+20.