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Análise

Dilma e Lagarde têm mesma visão sobre a crise na Europa

ELENA LAZAROU
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na segunda-feira, os líderes dos 27 países-membros da União Europeia se encontraram em Bruxelas para discutir o texto final do pacto fiscal e a regulação do fundo permanente de resgate do euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade.

Uma das maiores defensoras do mecanismo, a diretora do FMI, Christine Lagarde, tem pedido contribuições, de modo a viabilizar o fundo.

Lagarde não está sozinha. A própria presidente Dilma Rousseff tem estado à frente das iniciativas multilaterais para aumentar a ajuda aos Estados da União Europeia devastados pela crise da dívida.

Fato ainda mais notável foi, durante o encontro de ministros de Finanças dos Brics em setembro, o governo brasileiro ter proposto que o grupo deve formular um plano de assistência comum, coordenando a ajuda à UE através da compra substancial de títulos da sua dívida.

Um mês depois, na cúpula do Ibas (grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul) em Pretória, Dilma liderou os esforços para uma posição comum acerca da crise do euro como forma de preparação para o encontro do G20, em Cannes, na França.

O mesmo assunto foi abordado na agenda de Dilma durante suas visitas a Argentina, Turquia e China.

A preocupação da presidente com o desenvolvimento da situação da zona do euro está certamente ligada ao medo de uma redução da exportação do Brasil para a UE e dos investimentos europeus no Brasil. Além disso, a previsão de uma crise ainda mais longa, que também afetaria a China, poderia ameaçar as exportações brasileiras para esse país, que hoje representa uma grande parte do comércio exterior.

O contágio na região é um medo presente e, enquanto o Brasil pode estar vivendo um milagre econômico, memórias da década perdida de 80 estão muito vivas.

Mas o momento também oferece oportunidades políticas: após ser bem-sucedido em superar a sua própria década de crise, o Brasil agora pode se destacar como um ator-chave no aconselhamento da resolução da pior crise financeira na Europa desde a década de 30.

Após décadas de diferenças, o governo brasileiro e a liderança do FMI encontraram um território comum em suas preocupações acerca do futuro da Europa. O desafio agora é se mover da retórica para a ação.

ELENA LAZAROU é professora e pesquisadora do Centro de Relações Internacionais da FGV e doutora pela Universidade de Cambridge.

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