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Análise Cuba

Brasil amplia a sua esfera de influência com atos concretos

Ilha precisa urgentemente de parceiros que tragam projetos e recursos, como o país fez em porto Mariel

Jean-Jacques Augustin/EFE
Dilma Rousseff conversa com seu colega haitiano, Michel Martelly, em Porto Príncipe
Dilma Rousseff conversa com seu colega haitiano, Michel Martelly, em Porto Príncipe

EVALDO ALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

A primeira visita de Estado da presidente Dilma a Cuba foi resultado de um objetivo pautado por interesses econômicos, bem como de uma longa tradição de relações políticas e comerciais, cuja origem está no início da Revolução Cubana.

Por ter sido uma visita de Estado, com protocolo rígido, as oportunidades para discutir temas econômicos foram restritas. No entanto, constituíram os pontos de maior interesse para ambos os países.

No que concerne à tradição histórica, convém lembrar que, no momento em que ocorreu a ascensão de Fidel Castro ao poder, em 1959, o Brasil começava a desenvolver a ideia de política externa independente. O conceito foi criado por San Thiago Dantas, Afonso Arinos e Araújo Castro, implantado no governo Jânio e adotado no governo Goulart, cujo ministro de Relações Exteriores era o próprio San Thiago Dantas. Vem desse período o processo de cooperação e parceria.

É fato que o fluxo de comércio é reduzido, tendo o Brasil, em 2011, exportado cerca de US$ 550 milhões e importado US$ 91 milhões. No entanto, existe uma grande sinergia da qual os dois países se beneficiam. Do lado brasileiro, exportações de US$ 248 milhões em produtos básicos e de US$ 301 milhões em industrializados. Já do lado cubano, exportações de produtos medicinais, químicos e minerais elaborados.

Considerando o avanço da medicina e de produtos médicos em Cuba, as exportações poderão ser ampliadas -um caminho para o equilíbrio na balança comercial.

O que o governo cubano precisa urgentemente é de um parceiro que traga projetos e recursos. O projeto principal do governo brasileiro é o de porto Mariel, onde serão investidos US$ 957 milhões, com a participação de 71% do BNDES.

As perspectivas são de que os acordos assinados deem ao Brasil mais visibilidade na América Central. Cria-se também um novo padrão de parceria econômica, financeira e política. Enfim, amplia-se a esfera de influência do país com atos concretos e, portanto, mais perenes.

EVALDO ALVES é professor de Economia Internacional da FGV - EAESP, Escola de Administração de Empresas de São Paulo.

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