Candidato, professor de Harvard só propõe reformar financiamento
Lawrence Lessig, guru da internet, tem apenas uma plataforma
Para o que se poderia esperar de um visionário digital, o site de Lawrence Lessig, 54, é decepcionante. Lembra os blogs do início da internet e dá a entender que o autor é orgulhoso de sua trajetória: é preciso baixar um PDF para se ler seu currículo.
O arquivo é pesado, simbolicamente. Lessig tem passagens por algumas das principais universidades do mundo. É formado em economia pela Pensilvânia, com especializações em direito por Yale e filosofia por Cambridge. Professor de Harvard, lecionou em Stanford e Chicago. Tem cinco títulos honorários.
Mas está desatualizado. Não consta sua nova empreitada, a pré-candidatura à Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata.
Anunciado em agosto e oficializado em setembro, o pleito não obteve adesão do eleitorado o suficiente para garantir-lhe lugar no primeiro debate entre presidenciáveis democratas, nesta terça (13).
Ele protestou, naturalmente, e argumentou que traria audiência ao evento. Mas a batalha para alcançar seu objetivo vai além do cronograma de campanha. Segundo o pré-candidato, vitória seria gerar debate em torno de sua plataforma. Se, para isso, precisar ser eleito, assim seja.
DOAÇÃO LIMITADA
A bandeira de um dos criadores do Creative Commons, licença que flexibiliza o direito autoral, é "democratizar" o sistema de financiamento eleitoral americano.
O professor defende um limite de arrecadação por candidato e por doador, para desarticular lobbies empresariais, que, segundo ele, controlam a política americana.
"Esta é uma eleição em que 400 americanos deram metade do dinheiro arrecadado até agora. Não é uma democracia americana, é de república das bananas", diz ele em um vídeo de campanha.
Lessig se diz contrário à deportação de imigrantes sem documentação e a favor da descriminalização das drogas. Mas isso não importa.
O pré-candidato garante que, se for eleito e se conseguir aprovar a reforma do financiamento eleitoral, renunciará imediatamente. A cadeira na Casa Branca seria, então destinada, a seu vice.
O hoje adversário Bernie Sanders é o favorito de uma hipotética chapa, caso a estratégia excêntrica vingue. Lessig foi assessor informal do pré-candidato socialista até se descolar para lançar a própria plataforma.
No texto em que anuncia a decisão, enche Sanders de elogios e aponta a si mesmo como a cereja do bolo da mudança para a esquerda de que os EUA, a seu ver, precisam.
Sanders identifica os problemas certos, aponta direções corretas, mas não apresenta soluções objetivas para consertar o sistema eleitoral "corrupto" do país, diz.
Com o Partido Republicano tendo chegado a 17 candidatos (hoje são 15), o Partido Democrata começa também a ficar competitivo.