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Rússia e China vetam resolução contra Síria

Decisão ocorre um dia depois de bombardeio sírio matar mais de 200 pessoas, no ataque mais violento em 11 meses

Documento votado no Conselho de Segurança da ONU exigia que o ditador Bashar Assad deixasse o poder

Oposição síria/France Presse
Moradores da cidade de Homs participam de velório coletivo e ao ar livre de vítimas de novo massacre ocorrido na Síria
Moradores da cidade de Homs participam de velório coletivo e ao ar livre de vítimas de novo massacre ocorrido na Síria

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um dia após um bombardeio pelas forças militares da Síria ter matado mais de 200 pessoas, Rússia e China vetaram no Conselho de Segurança da ONU a adoção de uma resolução que exigia a saída do poder do ditador Bashar Assad. Os outros 13 membros do CS votaram a favor.

O ataque da noite de sexta-feira na cidade de Homs, bastião da oposição, foi considerado o mais violento em 11 meses de revolta contra o regime sírio e provocou repercussões ao redor do mundo.

Ativistas acusaram as forças sírias de massacrar mulheres e crianças no ataque, bombardeando indiscriminadamente, com tanques e morteiros, áreas residenciais.

O número de mortos varia entre 217 -segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, em Londres- e 260 -de acordo com o Conselho Nacional Sírio, baseado no país. Ambos dizem que há centenas de feridos. A Síria impede o trabalho dos jornalistas, dificultando a apuração independente dos fatos.

O governo negou o ataque e se disse vítima de uma "campanha histérica" de propaganda oposicionista.

O rascunho de resolução votado ontem fora proposto pela Liga Árabe e tinha apoio das potências ocidentais. Antes da votação, o chanceler russo, Serguei Lavrov, disse que seria um "escândalo" se o texto fosse aprovado, pois levaria a Síria à guerra civil.

Ele acusou a ONU de parcialidade e exigiu a inclusão de artigo condenando as ações de grupos rebeldes. Anunciou ainda que irá a Damasco na terça para encontro com Assad e disse, depois do veto, que o consenso dependia de uma "posição construtiva" do conselho.

"Qualquer governo que massacra seu próprio povo não merece governar", disse o presidente dos EUA, Barack Obama, qualificando o ataque em Homs de "indizível".

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, condenou o veto da Rússia e da França e propôs a criação de um "grupo de amigos da Síria" para negociar saídas para a crise.

'CORPOS E MAIS CORPOS'

O bombardeio teria sido ordenado após desertores do Exército atacarem dois postos de controle militares e sequestrarem entre 13 e 19 soldados. Isso teria enraivecido os comandantes militares.

O ataque começou na noite de sexta pelo bairro de Khalidiya e entrou pela madrugada em outros cinco bairros. "De manhã, descobrimos corpos e mais corpos", disse Waleed, morador de Khalidiya.

"Foi um massacre em todas as acepções do termo", declarou outro morador, Abu Jihad. "Vi corpos de mulheres e de crianças decapitados. É horrível e desumano."

Um ativista disse que os moradores estavam usando instrumentos primitivos ou as próprias mãos nos resgates. Os hospitais locais estariam com capacidade esgotada para atender os feridos.

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