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Análise

Plano árabe ainda é alternativa a uma "guerra por procuração"

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Depois do segundo veto russo e chinês a uma resolução da ONU contra o regime sírio, o cenário mais citado no Ocidente é o agravamento do conflito civil no país árabe e sua degeneração numa "guerra por procuração" entre governos rivais.

A Arábia Saudita e outras monarquias do golfo Pérsico, com anuência tácita dos EUA, intensificariam o apoio ao Exército Livre da Síria, liderado por desertores, enquanto o ditador Bashar Assad se fiaria nos aliados Irã, Rússia e Hizbollah (misto de partido e milícia xiita que integra o governo libanês).

Com a repressão sangrenta dos últimos meses, o regime perdeu parte de sua base -a elite econômica e grupos religiosos não sunitas. Mesmo assim, seria uma guerra "longa, brutal e desestabilizadora", previu Anne-Marie Slaughter, ex-conselheira de Barack Obama, em artigo no "Financial Times".

A segunda hipótese militar - uma intervenção capitaneada por potências ocidentais, como na Líbia- é considerada improvável, e não só por não haver agora autorização da ONU. Em evento recente no Rio, o chanceler britânico, William Hague, disse que tal operação seria arriscada demais por exigir "tropas no terreno" contra um Exército de 300 mil homens.

Resta o plano apresentado em janeiro pela Liga Árabe. Base da resolução vetada no sábado, ele ganhou força ao amealhar o apoio de 13 dos 15 membros do Conselho de Segurança, incluindo África do Sul e Índia, que haviam optado pela abstenção na votação anterior contra a Síria.

O plano prevê que Assad ceda o poder a seu vice e que se forme um governo de união nacional. Havia sido rejeitado pelo ditador por "ferir a soberania" síria e por parte da oposição, por "prolongar a vida" do regime.

No entanto, é a alternativa possível a "demandas maximalistas" que impedem uma transição negociada, escreveu Peter Harling, diretor na região do centro de estudos International Crisis Group.

Além da resistência dos atores sírios, o plano tem que se impor a cálculos individuais: dos EUA, que, depois da tentativa fracassada de reaproximação com Assad, veem oportunidade de enfraquecer o Irã; da Rússia, que procura manter o único aliado fiel que lhe restou no Oriente Médio; e dos próprios árabes, divididos entre a linha-dura saudita e a posição negociadora do Egito.

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