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Ativistas egípcios planejam greve no aniversário da queda de Mubarak

Iniciativa, marcada para sábado, tem adesão de 11 universidades

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO

Ativistas egípcios convocaram uma greve para o próximo sábado a fim de marcar o primeiro ano da queda do ex-ditador Hosni Mubarak e a frustração com a demora na transição democrática.

A iniciativa, que já recebeu a adesão de 11 universidades e vários sindicatos, prevê uma escalada de desobediência civil para pressionar a junta militar que governa o país a deixar o poder.

Buscando conter a instabilidade que cresceu na última semana, após a morte de 74 torcedores em uma partida de futebol, as autoridades egípcias confirmaram ontem que pretendem antecipar a eleição presidencial, inicialmente marcada para junho.

Abdel-Moez Ibrahim, presidente da comissão eleitoral, ressalvou que a data da eleição ainda não foi definida. Mas disse que a apresentação das candidaturas será aberta em 10 de março, um mês antes do prazo original.

Não foi o suficiente para satisfazer os manifestantes, que ontem voltaram a enfrentar o gás lacrimogêneo disparado pela polícia no centro do Cairo. Um muro foi erguido pela polícia em torno do Ministério do Interior, alvo principal dos protestos.

"Não temos confiança nos militares. Eles já fizeram outras promessas vazias e nada mudou. O antigo regime continua intacto", disse à Folha o engenheiro Mohamed El Bakri, 33, na rua coberta de lixo e pedras onde fica o ministério.

Sábado completa-se um ano da emotiva noite em que Hosni Mubarak renunciou, após 18 dias de protestos, pondo fim a três décadas de poder absoluto do ditador.

A esperança criada pelo gesto é hoje substituída por uma intensa frustração entre os ativistas. A tragédia no estádio de Port Said (nordeste) na semana passada aumentou a impaciência com a demora da junta militar em passar o poder aos civis.

Sem obter resultados depois de seguidos protestos na praça Tahrir, epicentro da revolução, os ativistas planejam uma nova tática.

"Convocamos uma greve gradual e, se nossas exigências não forem atendidas, escalaremos para a desobediência civil, já que esgotamos todas as formas de protesto pacífico", disse Mahmoud Afify, porta-voz do movimento jovem 6 de Abril.

A junta militar enfrenta também a pressão do governo dos EUA, que ameaça cortar a ajuda financeira ao país, prevista em cerca de US$ 1,5 bilhão neste ano, caso o governo insista em processar 19 americanos (entre eles, Sam LaHood, filho do secretário de Transporte, Ray LaHood) que atuam no Egito.

Eles estão entre os 43 estrangeiros ligados a ONGs que estão sendo investigados por suposto financiamento de ações contra o governo.

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