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Brasil prevê 'mais briga' entre militares e civis

ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO

O grande desafio do Egito, um ano após a queda do ditador Hosni Mubarak, é administrar a queda de braço, cada vez mais acirrada, entre os militares e policiais -aliança que era a espinha dorsal do regime anterior- e os civis. A avaliação é do enviado especial do Brasil ao Oriente Médio, Cesário Melantonio Neto.

Para o diplomata, que era o embaixador do Brasil no Cairo durante a revolução, o confronto de Port Said, com 74 mortos após um jogo de futebol, "não foi por acaso".

"São essas revanches. Pelo que todos dizem dentro e fora do Egito, foram forças policiais infiltradas na torcida do Al Masry", disse. Os torcedores do Al Ahly, time do Cairo, participaram em massa de confrontos com policiais durante atos contra Mubarak.

Ele antecipa problemas entre os militares, acostumados com a proximidade do poder há mais de 50 anos (desde o governo de Gamal Abdel Nasser), e o novo Parlamento.

"Hoje o orçamento das Forças Armadas não é examinado pelo Parlamento. E é claro que os novos parlamentares vão querer rever isso. Vem mais briga pela frente", disse.

Melantonio Neto, no entanto, acredita que a estrutura de corrupção que dominava o regime anterior se enfraqueceu.

"Não vou dizer que desapareceu. Mas uma grande parte da corrupção vinha dos policiais, que criavam um problema para o cidadão a ser resolvido mediante pagamento. Isso a polícia não faz mais, até porque a população está mobilizada politicamente."

Para o enviado, o Brasil poderá contribuir, na área de combate à fome e à pobreza e de inclusão social, com o governo a ser eleito. "Aliás, essa ideia vale para todos os países da Primavera Árabe. O motivo das revoluções foi, principalmente, fome e pobreza."

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