Índice geral Mundo
Mundo
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Sob pressão, Parlamento grego aprova cortes

Redução de € 3,3 bi nas despesas é exigência da União Europeia, do FMI e do BC europeu para liberar ajuda ao país

Votação ocorreu no início da madrugada, antes da abertura das Bolsas e em meio a intensas manifestações

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Em meio a protestos que reuniram mais de 100 mil pessoas na Grécia, o Parlamento aprovou na madrugada de hoje as medidas de austeridade exigidas do país.

Essa era uma das condições impostas pelo BCE (Banco Central Europeu), pela Comissão Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional para que o país possa receber o segundo pacote de resgate, que inclui um empréstimo de € 130 bilhões.

Sem o dinheiro, a Grécia não teria como pagar parte da dívida, de € 14,5 bilhões, que vence no fim de março. Um calote põe em risco a permanência do país na zona do euro.

Pelos termos do acordo, a Grécia deverá reduzir em 22% o salário mínimo, hoje em € 751 (R$ 1.700), e cortar 150 mil empregos públicos até o ano de 2015, além de diminuir o valor das pensões e aposentadorias. No total, os cortes chegam a quase € 3,3 bilhões.

A notícia foi bem recebida pelo mercado, ao que indica a Bolsa de Tóquio, onde o euro subiu nesta manhã pouco após a aprovação do pacote.

Evangelos Venizelos, ministro das Finanças, deu o tom de urgência no Parlamento ao declarar que "a lei precisa ser aprovada antes da meia-noite para que, na abertura dos mercados financeiros [hoje], fique clara a mensagem de que a Grécia quer e pode sobreviver".

A Alemanha, que lidera a pressão pelos cortes, deu mais indicativos de insatisfação com a Grécia. Em entrevista publicada ontem em um jornal local, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, disse que a Europa precisa de ações, e não de palavras. "As promessas da Grécia não são mais suficientes para nós", declarou.

Após a votação, a coalizão do governo expulsou 43 deputados -22 socialistas e 21 conservadores- que não apoiaram o corte. No sábado, depois de perder o apoio do partido de ultradireita Laos, o premiê Lucas Papademos e os líderes da coalizão reforçaram à população e ao Parlamento a importância desse acordo.

Em discurso, Papademos afirmou que "os demagogos dizem que é melhor a falência que um acordo, mas a falência do país só criará o caos e uma explosão social".

Agora, a Grécia deve apresentar os termos aprovados em reunião de ministros das Finanças da zona do euro, nesta quarta-feira.

Na última semana, mesmo após anunciar o compromisso dos principais partidos com as medidas, a União Europeia exigiu mais cortes, a aprovação no Parlamento grego e garantias dos partidos de que não alterarão as políticas após as eleições, em abril.

A Grécia também deve resolver nesta semana o acordo que negocia com os credores do setor privado, com o qual sua dívida será reduzida em € 100 bilhões por meio de renegociação de títulos.

Ainda assim, o FMI acredita que só se o BCE, o maior credor individual do país, abrir mão de lucros nos títulos gregos que detém, no valor de € 40 bilhões, será possível chegar a uma dívida de 120% do PIB em 2020. Hoje, é de 160%.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.