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Com turismo em baixa, Grécia espera ajuda

Crise econômica é cada vez mais forte no país e obriga o comércio a reduzir seus preços

RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

A Grécia vive hoje em compasso de espera. No campo político, o governo tenta costurar com os credores internacionais a liberação de um novo pacote de resgate, que se torna cada vez mais custoso. Mas é também no dia a dia de agências de turismo, lojas, hotéis e restaurantes que a paciência se faz necessária.

"De abril a outubro, as coisas vão melhorar", espera George Pandelopoulos, sócio de uma agência de turismo que funciona no tradicional bairro de Plaka. Seus principais serviços são viagens curtas para as ilhas gregas, mais procuradas no verão.

Abril também é o mês em que o país terá novas eleições, que definirão o substituto do premiê Lucas Papademos. Inseguros quanto ao cenário político, líderes da União Europeia já cogitam adiar a liberação de recursos à Grécia para depois do pleito, embora parte da dívida grega vença em 20 de março.

Pandelopoulos diz que não está em pânico. "Não tenho medo. A Grécia é a Grécia", diz. Ele critica os anos de governo socialista e acredita que Antonis Samaras, do partido conservador e provável vencedor da eleição, com o auxílio da União Europeia, fará o país melhorar.

Em meio a ruas vazias e silenciosas, a grande maioria das lojas do centro de Atenas estava em liquidação, com descontos de 20% a 70%.

Apenas um dos comerciantes ouvidos pela Folha disse que o início de 2012 não é pior do que o de anos anteriores.

O dono de um bar em frente à Acrópole, um dos principais destinos turísticos, disse que o movimento é sempre baixo nessa época por conta do inverno. Por via das dúvidas, o bar exibia cartazes oferecendo promoções.

Para todos os demais comerciantes, a crise econômica é cada vez mais forte e os obriga a reduzir preços.

Em um restaurante perto do Museu da Acrópole, Nikos, que prefere não dizer seu sobrenome, conta que a incerteza torna 2012 pior. "Como as pessoas não sabem o que vai acontecer com o país, elas preferem guardar dinheiro."

Seu trabalho, o de captar clientes na rua, se torna mais difícil: "Temos que oferecer preços especiais para chamar a atenção", revela. Uma refeição com salada, moussaka (prato tradicional grego) e bebida custa € 15.

Jason Koumidis, proprietário de uma loja de souvenires em Plaka há oito anos, passa o tempo jogando pôquer on-line. "Não há movimento nenhum, e tenho que ficar aqui das 10h às 22h", conta, explicando que não joga a dinheiro. "Não tenho, mesmo", ri.

Para Koumidis, como a crise também afeta outros países, os negócios ficam ainda mais prejudicados. "Os espanhóis vinham aqui e me diziam: 'Tenho € 200 para comprar presentes para meus amigos'. Hoje, eles trazem € 30 e só levam coisas para a mãe e para o pai", lamenta.

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