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Irã corta petróleo para Reino Unido e França

Medida é vista como retaliação a sanções impostas pela União Europeia por causa do programa nuclear iraniano

Veto pode prejudicar ainda mais importadores europeus que vivem crise econômica, como Itália, Grécia e Espanha

Behrouz Mehri/France Presse
iranianos fazem fila em posto para abastecer
iranianos fazem fila em posto para abastecer

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

O Irã cortou ontem as exportações de petróleo para França e Reino Unido em retaliação à mais recente rodada de sanções impostas pela União Europeia a Teerã por seu programa nuclear.

"Tomamos medidas para enviar nosso petróleo a outros países no lugar das empresas britânica e francesas", disse o porta-voz do Ministério do Petróleo em comunicado.

A medida não terá impacto, já que França e Reino Unido praticamente não compram mais óleo bruto iraniano. Mas o anúncio tem forte conotação política no atual contexto de crise econômica na Europa e de pressões contra o governo do Irã.

Ao cortar as exportações para dois países da UE, Teerã mostra que pode complicar planos europeus de impor um embargo petroleiro total ao Irã somente a partir de julho para dar tempo aos países do bloco de encontrar novos fornecedores.

Ao se antecipar ao embargo, Teerã envia uma advertência a UE, especialmente aos países-membros que mais dependem do petróleo iraniano.

Assolados por uma grave recessão, os governos de Grécia, Itália e Espanha afundariam ainda mais na crise em caso de ruptura abrupta no abastecimento de petróleo.

Os três países pressionaram os demais membros da UE a estabelecer um período de carência de seis meses antes da aplicação das sanções europeias adotadas em janeiro contra o Irã.

Quando implementadas, as sanções impedirão qualquer compra de petróleo iraniano pela UE, assim como remessas que transitem pelo sistema bancário de Teerã.

A Arábia Saudita, maior exportador de petróleo e rival regional do Irã, se comprometeu a aumentar sua produção para suprir a falta de óleo bruto iraniano no mercado internacional.

PROGRAMA NUCLEAR

UE e EUA reforçaram sanções ao Irã depois que a AIEA, a agência nuclear da ONU, divulgou em novembro um relatório apontando para o aumento da capacidade técnica das centrais de energia atômica iranianas.

Apesar de alguns analistas afirmarem que o documento não traz novidade, EUA e Israel alegam que está cada vez mais clara a intenção iraniana de fabricar a bomba atômica. O governo israelense acena com a possibilidade de atacar o Irã nos próximos meses.

Teerã nega querer a bomba e insiste em que, como signatário do Tratado de Não Proliferação, tem o direito de enriquecer urânio para fins energéticos e medicinais. Pela segunda vez em três semanas, inspetores da AIEA devem visitar o Irã a partir de hoje.

A retomada do diálogo entre Teerã e a ONU, após um ano de impasse, é vista por alguns analistas como um sinal de distensão e por outros como uma das últimas chances de conversa antes de uma escalada militar.

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