Embargo pode favorecer Rússia e também Putin

Há meses, o governo russo vem se opondo à ideia de sanções ocidentais contra o Irã. Mas as novas ameaças ao fluxo iraniano de petróleo poderiam ter ao menos um beneficiário: a Rússia.

Os oleodutos do país estão prontos a atender clientes dispostos a pagar ágio pela commodity e oferecem petróleo de classificação semelhante à do iraniano.

"A situação é bastante boa para a Rússia no momento", disse Jesse Mercer, analista de petróleo da PFC Energy, em Houston.

A Rússia se tornou o maior produtor mundial de petróleo, extraindo 10 milhões de barris ao dia, pouco mais que a Arábia Saudita. Desse total, o país exporta 7 milhões de barris diários. A maior parte de sua produção vai para clientes na Europa e na Ásia, ainda que pequenos volumes de petróleo extraído na Sibéria sejam exportados diretamente à Costa Oeste dos EUA.

Para empresas russas de petróleo como a Rosneft e a Lukoil, e para a parceria russo-britânica TNK-BP, as tensões internacionais surgidas com o programa de desenvolvimento nuclear iraniano no fim do ano passado representaram uma excelente oportunidade de ganho adicional.

Os analistas estimam que o medo quanto ao Irã tenha elevado o preço internacional do barril de petróleo entre US$ 5 e US$ 15, o que significa arrecadação diária adicional entre US$ 35 milhões e US$ 105 milhões para o setor na Rússia.

E os impostos que o governo russo recebe sobre essas vendas vêm propiciando ganhos políticos ao governo do primeiro-ministro Vladimir Putin, em sua campanha para retornar à Presidência.

"É bom para Putin", disse Mercer. "Nos EUA, quando os preços do petróleo sobem, a popularidade do presidente cai. Na Rússia é o oposto."

Os preços em alta beneficiam todos os produtores. Mas a Rússia conta com a vantagem adicional de um sistema de oleodutos capaz de atender aos clientes tradicionais do Irã tanto na Europa quanto na Ásia