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Rubem Fonseca vence prêmio em Portugal

Autor, que ganhou 20 mil euros por "Bufo & Spallanzani", fez discurso bem-humorado

ISABEL COUTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PÓVOA DE VARZIM (PORTUGAL)

O escritor Rubem Fonseca recebeu ontem, na cidade portuguesa de Póvoa do Varzim, o Prêmio Literário Casino da Póvoa. O autor ganhou 20 mil euros (cerca de R$ 46 mil) por "Bufo & Spallanzani", publicado em Portugal no ano passado.

Fonseca viajou a Portugal para receber a homenagem da 13ª edição do encontro literário Correntes D'Escritas. Ele concorria com autores como Enrique Vila-Matas, Leonardo Padura e Inês Pedrosa.

Ainda ontem o escritor brasileiro, que ganhou em 2003 o Prêmio Camões, o mais importante da língua portuguesa, foi condecorado pelo governo português com a Medalha de Mérito Cultural.

"Amo a língua portuguesa, é uma língua lindíssima", disse ele durante o discurso de agradecimento.

"Adoro poesia. Lembrei-me de Camões. Vocês me permitem que eu leia Camões?", perguntou. Em seguida, recitou o soneto "Busque Amor Novas Artes, Novo Engenho" e terminou com um "Viva a língua portuguesa!".

Em sua justificativa para o prêmio de "Bufo & Spallanzani", o júri declarou que trata-se de "uma obra reveladora da diversidade do humano". A nota destacou, ainda, o rigor da escrita de Fonseca, "bem como a qualidade da arquitetura romanesca".

FALANTE

Em geral avesso a entrevistas e a discursos em público no Brasil, o autor se mostrou bastante falante e bem-humorado no festival.

"A escrita é um risco total?", perguntou ele na tarde de ontem, de microfone na mão e andando de um lado para o outro no palco.

"Na verdade, escrever é uma forma socialmente aceita de loucura. Nessa mesa somos todos loucos, cada um à sua maneira!"

Depois, apontando para plateia, disse: "Não basta ser louco, também tem que se ser alfabetizado".

Despertando risos na plateia, ele completou: "Só existe um caso de escritor analfabeto. Ocorreu no século 14, o nome do escritor era Catarina de Siena, tinha de ser uma mulher, né? Agora, era uma santa, e isso podia ser um milagre. E, como santa, era louca, porque todo o santo é louco, e nós sabemos disso".

Por fim, Fonseca, que vez por outra tentava emular o sotaque português, terminou sua participação dirigindo-se ao público.

"E vocês aí não pensem que, não sendo escritores, também não são loucos!"

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