Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Análise

Eleição sem presença do líder seria o cenário mais instável

ATÉ A OPOSIÇÃO SAIRÁ FAVORECIDA SE HUGO CHÁVEZ TIVER CONDIÇÕES DE SAÚDE PARA DISPUTAR A ELEIÇÃO DE OUTUBRO

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

A segunda cirurgia de Chávez pode destravar o debate até agora proibido sobre sua sucessão no chavismo, e, num cenário extremo, uma disputa violenta entre as facções unidas pela liderança do presidente, segundo analistas venezuelanos.

"No movimento estão militares e civis, direita e esquerda, várias classes sociais, a 'boliburguesia'. Sem o presidente ativo, essa heterogeneidade produziria uma dispersão das forças chavistas", diz o sociólogo Ignacio Avalos, professor da Universidade Central da Venezuela.

Túlio Hernández, colunista do jornal de oposição "El Nacional", fala até na possibilidade de fenômeno semelhante ao ocorrido na Argentina no fim da vida de Juan Domingo Perón (1895-1974), quando direita e esquerda peronistas travaram uma guerra suja por sua herança.

Por isso, diz ele, o melhor cenário, mesmo para os opositores, é que Chávez tenha condições de disputar a eleição de outubro.

"Uma eleição sem Chávez favoreceria a oposição no pleito, mas seria ruim ao reconhecimento de um trunfo oposicionista. Chávez não fará nada louco; ele sabe que é inviável internacionalmente."

Hernández teme em especial uma eventual candidatura do atual presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, militar reformado que participou com Chávez da tentativa de golpe contra o presidente Carlos Andrés Pérez, em 1992. "É um homem muito à direita, não está marcado pela ideologia socialista."

Mas nem Cabello nem o vice-presidente, o sociólogo Elías Jaua, nem o irmão de Chávez, o governador de Barinas Adán, ou o chanceler Nicolás Maduro teriam o mesmo peso eleitoral que ele.

"Esse é o problema grave que o governo tem hoje", diz Javier Corrales, coautor de "Um Dragão no Trópico", sobre a economia chavista.

Os três analistas concordam que, mesmo com a incerteza sobre sua saúde, Chávez pode vencer outra vez, ainda que em votação apertada -as últimas pesquisas lhe dão pouco mais de 50% dos votos (teve 62,9% nas presidenciais de 2006).

Para Avalos, a oposição vive seu melhor momento em 13 anos, depois da derrota do "antichavismo histérico" e da vitória do moderado Henrique Capriles nas primárias do dia 12. "O jogo será duro. Mas Chávez é um fenômeno na capacidade de expressar emoções e ainda representa a esperança de muitos setores."

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.