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Síria é acusada de massacrar civis em fuga

Ativistas denunciam morte de grupo que cruzava posto de controle do Exército, escapando da violência em Homs

Governo divulga 'sim' de referendo constitucional, mas ONU contesta; EUA rejeitam armar oposição

Rodrigo Abd/Associated Press
Mãe carrega seu filho, na sacada do prédio onde moram, em Idlib, no norte da Síria; cidade é alvo de bombardeios do Exército sírio, segundo oposição
Mãe carrega seu filho, na sacada do prédio onde moram, em Idlib, no norte da Síria; cidade é alvo de bombardeios do Exército sírio, segundo oposição

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

No dia em que foi anunciada a aprovação de uma nova Constituição na síria, um massacre foi denunciado por ativistas de oposição.

Ao menos 64 pessoas que tentavam fugir da cidade de Homs, bastião da rebelião contra o ditador Bashar Assad, foram encurraladas pelo regime num posto de controle na saída da cidade. Ontem, apareceram mortas, segundo relatos de ativistas.

O grupo fugia dos bombardeios, que se estendem por semanas, no bairro de Bab Amr. Socorristas do Crescente Vermelho transportaram os corpos encontrados para o hospital nacional de Homs.

Ontem, outros 61 morreram nas cidades de Homs, Idleb, Aleppo, Hama, Damasco e Deraa. Os opositores calculam mais de 8.000 civis mortos desde o início das revoltas anti-regime, em março.

O governo sírio alega ser alvo de terroristas e de um complô do ocidente. A imprensa internacional, porém, tem acesso restrito ao país.

A onda de violência ocorreu no mesmo dia em que o governo sírio anunciou os resultados de um controverso referendo constitucional.

Segundo o Ministério do Interior, 89,4% dos eleitores aprovaram a proposta de uma nova Carta, que institui o pluripartidarismo e mandatos presidenciais de sete anos.

A consulta pública ocorreu no domingo, mas, dos 14,6 milhões de eleitores registrados, apenas 8,3 milhões foram votar. A Síria tem quase 22,5 milhões de habitantes.

Em protesto, a oposição fez um chamado a boicotar as eleições. Países do Ocidente criticaram duramente o plano de reforma constitucional.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou ontem que duvida da credibilidade do referendo e disse que a situação de violência e de repressão no país tira a legitimidade da consulta.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, também criticou o referendo e reagiu contrariamente à proposta feita pelo governo do Catar, no fim de semana, de armar os opositores sírios.

Antes, a Arábia Saudita havia feito a mesma sugestão. Analistas suspeitam de que, na verdade, os dois países já estejam armando a oposição.

Em entrevista à TV CBS, Hillary cogitou o risco dos armamentos pararem nas mãos de terroristas. "Sabemos que [o líder da Al Qaeda Ayman] Zawahiri está apoiando a oposição na Síria. Vamos apoiar a Al Qaeda? O Hamas apoia a oposição. Vamos apoiar o Hamas na Síria?"

Ontem, o governo brasileiro também rejeitou a ideia. "O Brasil se posiciona contra a entrega de armas a quem quer que seja", afirmou a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, na 19ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

Hoje, o Conselho deve se pronunciar oficialmente exigindo o fim dos ataques a civis na Síria e o acesso humanitário a Homs para socorro e retirada de feridos e jornalistas sitiados.

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