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Turquia diz que mundo não pode se calar

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

Numa crítica ao veto aplicado por Rússia e China para bloquear uma condenação à Síria no Conselho de Segurança da ONU, o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, alertou para a criação de um "vácuo diplomático".

Para ele, a comunidade internacional tem a obrigação de enviar "mensagens claras" para pressionar o ditador Bashar Assad.

"O Conselho de Segurança vetou praticamente o mesmo texto que seria aprovado depois na Assembleia Geral. Isso cria vácuo diplomático", disse o chanceler à Folha.

A frustração de países como a Turquia com a falta de consenso levou à realização do encontro de quase 70 países com a oposição síria em Túnis, na sexta-feira.

"Espero que o grupo de amigos da Síria traga ação coletiva e medidas concretas, para pressionar o regime sírio a mudar sua política", disse Davutoglu.

Embora prefira a diplomacia à intervenção militar, a Turquia insinua que outras opções devem ser contempladas, caso o regime Assad não cesse a repressão.

ASSASSINATO

"A comunidade internacional não pode ficar calada, apenas observando o assassinato da população."

Já o governo brasileiro reafirmou que ainda acredita numa solução diplomática.

Para o chanceler Antonio Patriota, a nomeação do ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan como enviado à Síria faz renascer a esperança de uma saída pacífica.

Patriota afirmou, em Istambul, que não há consenso internacional para uma intervenção militar na Síria, como a que ocorreu na Líbia.

Sobre outra crise que tem preocupado a região, em torno do programa nuclear iraniano, Davutoglu criticou as ameaças de Israel. "Um ataque israelense contra o Irã será um grande desastre, e somos contra. Não queremos outra guerra na região."

Para a Turquia, que no ano passado reduziu ao mínimo as relações diplomáticas com Israel, o Estado judeu deveria se desarmar antes de criticar outros países.

"Israel tem armas nucleares, não é membro da Agência Internacional de Energia Atômica e do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Não tem nenhuma legitimidade em atacar outro país."

Davutoglu acha que a escalada de tensão poderia ter sido evitada, caso o esforço de mediação de Brasil e Turquia em 2010 fosse adiante.

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