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Fotógrafo britânico é retirado da Síria

Ferido, Paul Conroy foi resgatado e levado ao Líbano; jornalista francesa Edith Bouvier não pôde deixar o país

13 ativistas sírios morreram durante o resgate; operação, feita na madrugada, teve 26 horas de duração

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

O fotógrafo britânico Paul Conroy, ferido na semana passada em um bombardeio do Exército sírio na cidade de Homs, foi retirado ontem do país e cruzou a fronteira com o Líbano em segurança.

A operação durou 26 horas e envolveu 35 ativistas, dos quais 13 morreram em ataques das forças sírias.

A repórter francesa Edith Bouvier, do jornal "Le Figaro", que ficou ferida no mesmo ataque, estava em outro comboio da operação clandestina de resgate, mas não conseguiu deixar o país.

Nicolas Sarkozy, presidente da França, chegou a declarar que Bouvier havia deixado a Síria, mas depois admitiu não haver confirmação.

Ativistas da Acas (Alta Comissão para Assistência Síria), grupo humanitário de oposição que organizou o resgate, disseram à Folha que a ambulância improvisada em que Bouvier estava recuou, cercada por forças sírias.

A desastrada confirmação de Sarkozy causou confusão na imprensa e irritou os ativistas, que chamaram o presidente de irresponsável.

Após cruzar a fronteira de madrugada, Conroy, 47, do "Sunday Times", foi levado a Beirute, onde foi recebido por diplomatas britânicos e encaminhado para tratamento.

Conroy e Bouvier foram atingidos no mesmo ataque que matou a veterana repórter de guerra americana Marie Colvin, também do "Sunday Times", e Rémi Ochlik, francês que fotografava para a revista "Paris Match".

Em vídeos divulgados na semana passada, Conroy e Bouvier pediram ajuda para sair de Homs e receber atendimento médico apropriado.

A conclusão bem-sucedida do resgate de Conroy foi motivo de festa na sede da Acas, em Istambul, onde boas notícias têm sido raras.

Wael al Khaldy, que comandou a operação em telefonemas tensos, disse que Bouvier, 31, rejeitou as condições do Crescente Vermelho sírio para a retirada.

Entre elas, estaria uma declaração de que os jornalistas que estão na Síria sem autorização do regime foram reféns dos rebeldes, o que ela nega. O resgate foi feito com a ajuda de desertores do ELS (Exército Livre da Síria).

Além disso, Bouvier, que tem uma fratura no fêmur, pedia a retirada de todos os feridos de Homs e a presença de um diplomata da França. Como não foi possível, ela foi convencida a participar, mas não conseguiu sair do país.

"Temos um acordo com o ELS para a entrada de suprimentos e remédios e também para a retirada de feridos", disse Al Khaldy. "Nos últimos dias, retiramos mais de cem feridos graves de Homs."

Segundo ele, o repórter espanhol Javier Espinosa, do jornal "El Mundo", e o fotógrafo francês William Daniels estavam no carro com Bouvier que teve de recuar.

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