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Ao Brasil, Irã diz que pastor não será condenado à morte

Ele seria punido por trocar islã pelo cristianismo, mas Teerã nega versão

Diplomatas brasileiros tratam do tema com Teerã desde novembro; bancada evangélica pediu ação de Dilma

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

Envolvido em gestões em favor de um iraniano convertido ao cristianismo ameaçado de execução, o Brasil ouviu de Teerã que o acusado não será condenado à morte.

A coluna Mônica Bergamo informou ontem que o governo Dilma Rousseff está sendo pressionado pela bancada evangélica no Congresso para interferir pela libertação do pastor Youssef Nadarkhani, preso desde 2009.

O caso de Nadarkhani, 33, que nasceu numa família muçulmana e se converteu ao cristianismo aos 19 anos, causou comoção internacional e, dias atrás, levou os EUA a exigirem sua libertação.

A Folha apurou que o Itamaraty começou a tratar o tema com as autoridades iranianas em novembro. Desde então, houve vários contatos com representantes das áreas de Direitos Humanos e América Latina do governo.

Diplomatas brasileiros ouviram de colegas iranianos que é incorreta a versão amplamente divulgada pela mídia ocidental sobre o caso.

Teerã afirma que o pastor não é acusado de apostasia -o abandono da fé-, atitude considerada crime no Irã e passível de punição com a pena de morte.

Diplomatas iranianos disseram que ele foi inicialmente condenado à morte por uma série de crimes, entre eles estupro, ameaça à segurança nacional, extorsão e corrupção.

Segundo autoridades do Irã, a pena foi revogada pela Suprema Corte em 2011. Iranianos também disseram aos brasileiros que a Justiça nunca aplicou a sentença capital por apostasia.

Apesar de Teerã insistir em que Nadarkhani não será executado, não está claro qual sua atual situação perante a Justiça. Os advogados do pastor afirmam que ele continua ameaçado de execução.

A questão dos direitos humanos, especialmente a posição crítica do governo Dilma sobre a condenação à morte por apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani, levou ao esfriamento das relações entre os dois países.

Teerã revogou, em 2011, a sentença contra Sakineh e anunciou que a execução por apedrejamento, raras vezes aplicada, está sendo banida.

Parlamentares querem agora que o Itamaraty também atue em favor do pastor Youssef Nadarkhani.

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