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Sistema de saúde é refém do governo, denuncia ONG

CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

Não faltam médicos ou hospitais na Síria. Mas o sistema de saúde público se tornou um perigo para os feridos -na onda de violência que dura um ano no país e fez mais de 7.500 mortos.

"O problema maior hoje na Síria é que os médicos não conseguem tratar os feridos. Os centros de saúde são usados para identificar os opositores. O governo está usando a medicina como arma de repressão", afirmou à Folha o português Filipe Ribeiro, diretor do MSF França.

Há meses, o MSF (Médicos sem Fronteiras) solicita autorização do governo sírio para atender os feridos no país, sem sucesso. A organização está apoiando redes de médicos no país, com envio de medicamentos e kits cirúrgicos.

"O perigo para os feridos é irem a hospitais públicos e serem presos", disse Ribeiro. A maioria dos internados usa nomes falsos. Os médicos dão diagnósticos falsos para os pacientes evitarem as forças de segurança, que rastreiam ferimentos provocados durante protestos.

"Os médicos sírios tentam organizar um sistema paralelo para atender os pacientes. Mas as condições de atendimento são péssimas e perigosas para pacientes e médicos", afirmou Ribeiro. Clínicas improvisadas são montadas às escondidas do governo em apartamentos e casas.

"Os serviços de segurança atacam e destroem os hospitais móveis", disse à MSF um médico sírio que pediu para não ter seu nome divulgado.

O sistema de banco de sangue também está sob controle do Ministério da Defesa. "Isso quer dizer que podem identificar opositores entre os feridos", explicou Ribeiro. Segundo ele, a situação é crítica em Homs, Hama e Deraa.

Centenas de sírios fugindo do país foram atendidos em um hospital da ONG em Amã, na Jordânia. "Os casos registrados são de fraturas, ossos quebrados, tiros e feridas por tortura, como choque elétrico", afirma Ribeiro.

A Cruz Vermelha pede uma pausa humanitária de duas horas diárias nos enfrentamentos para socorrer os feridos na Síria.

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