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Síria proíbe Cruz Vermelha de chegar a bairro sitiado

Sete caminhões com comida e remédios esperam para entrar em Baba Amro

Jornalistas franceses isolados em Homs chegam a Paris; corpos de Colvin e Ochlik foram entregues a organização

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ANTAKYA (TURQUIA)

O governo sírio barrou a entrada de um comboio humanitário da Cruz Vermelha no devastado distrito de Baba Amro, da cidade de Homs, que há quase um mês está sob bombardeio. O presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Jakob Kellenberger, qualificou o atraso na ajuda humanitária de "inaceitável".

Segundo relatos não confirmados, soldados realizaram execuções sumárias e buscas em Baba Amro.

Não está claro por que o Exército barrou a ajuda. Um dia antes, o governo havia prometido autorizar sua entrada. O atraso levou opositores a acusar o regime de tentar ocultar indícios de execuções.

Na quinta-feira, uma ofensiva do regime obrigou as forças do ELS (Exército Livre da Síria) a abandonar o bairro, que se tornara o principal reduto da oposição na cidade.

"As baixas civis foram claramente pesadas. Nós continuamos a receber relatos terríveis de execuções sumárias, detenções arbitrárias e tortura", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Segundo Kellenberger, o comboio com sete caminhões da Cruz Vermelha e ambulâncias do Crescente Vermelho (versão da organização em países muçulmanos) foi enviado de manhã e esperou o dia inteiro para entrar.

"Ficaremos esta noite em Homs na esperança de entrar em Baba Amro muito em breve", disse, em comunicado.

Nesta semana, a ONU atualizou para 7.500 o número de mortos pelas forças de segurança desde o início da revolta, há quase um ano. Ativistas relatam que ao menos 35 sírios morreram ontem.

Sinais de impaciência com o regime começam a surgir até da Rússia, um dos países mais relutantes em aumentar a pressão a Damasco. "Não temos uma relação especial com a Síria", disse o premiê Vladimir Putin, negando-se a prever o tempo que resta a Assad.

Ontem, a jornalista francesa Edith Bouvier, 31, gravemente ferida nas pernas num bombardeio em Homs, e o colega William Daniels chegaram a Paris e foram recebidos pelo presidente Nicolas Sarkozy.

Os corpos da americana Marie Colvin e do francês Rémi Ochlik, mortos no mesmo ataque na semana passada, foram entregues à Cruz Vermelha ontem para repatriação.

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