Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Putin vence e enfrentará protestos de rua Urnas apuradas na Rússia dão mais de 60% dos votos para primeiro-ministro, que será presidente pela terceira vez Ex-agente da KGB chora em comício da vitória; oposição vê fraude e promete atos em Moscou a partir de hoje
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU O atual premiê Vladimir Putin, como esperado, venceu ontem as eleições presidenciais da Rússia, com grande vantagem sobre os demais quatro concorrentes e diversas acusações de fraude. O resultado oficial só sairá em um mês, mas a Comissão Eleitoral Central, com base em 97% das cédulas apuradas, apontava 64% dos votos para Putin. Em um distante segundo lugar figurava o veterano comunista Gennady Zyuganov, com 17%. A oposição, de imediato, convocou protestos para hoje. Espera novamente reunir milhares nas ruas, como no final do ano passado. O empresário Mikhail Prokhorov, único candidato independente e terceiro colocado (8%), afirmou que seus observadores registraram mais de 4.000 irregularidades no pleito de ontem. Em uma tentativa de maior transparência para evitar fraudes, a Rússia instalou pela primeira vez um sistema de transmissão ao vivo pela internet de seções eleitorais, observadas por câmeras. Uma das falhas desse procedimento, como apontou Prokhorov, é que não há transmissão dos locais em que os votos são contados. PUTIN CHORA À noite, sob neve e temperaturas negativas, Putin, 59, declarou-se vitorioso em discurso na praça Manej, em frente ao Kremlin, para milhares de partidários. Ex-agente da KGB (serviço secreto soviético) e faixa preta em judô, escolheu o vocabulário marcial para celebrar: "Nós vencemos uma luta aberta e honesta", disse, com lágrimas nos olhos. Putin comanda a Rússia há 12 anos e chegou ao poder no fim de 1999, com a queda de Boris Ieltsin. Venceu as eleições de 2000 e de 2004 e, como o terceiro mandato consecutivo é proibido pela Constituição, fez seu sucessor, Dmitri Medvedev, conquistar a Presidência em 2008. Medvedev então indicou Putin ao cargo de primeiro-ministro. Agora, ele tem a chance de permanecer mais 12 anos na Presidência, pois uma reforma constitucional aumentou o mandato de quatro para seis anos. Observadores independentes disseram que seu trabalho foi cerceado. Lilia Shibanova, diretora do Instituto Golos, a maior entidade de monitoramento das disputas eleitorais no país, disse à Folha que, pela manhã, seus telefones haviam sido bloqueados e até mesmo a senha do Skype da organização fora alterada. Depois de depositar em uma urna transparente sua cédula de votação, em que escreveu que a Rússia precisa de eleições limpas, o ex-vice-premiê Boris Nemtsov, uma das principais vozes da oposição, afirmou que a disputa de ontem "foi uma imitação de eleição, assim como temos uma imitação de Poder Judiciário neste governo". Questionado sobre um movimento como a Primavera Árabe, ele disse que o país precisará de "várias primaveras até ser uma democracia". Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |