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Irã e potências reiniciam diálogo nuclear

Teerã propôs novas negociações sobre programa atômico; ontem, União Europeia respondeu afirmativamente

Histórico de fracassos fez com que o anúncio fosse recebido de forma cética; Israel ameaça atacar o país persa

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

As seis potências que conduzem negociações nucleares com o Irã aceitaram ontem uma proposta de Teerã para retomar conversas paralisadas há mais de um ano.

A medida parece destinada a diluir a pressão israelense por um ataque ao Irã e acalmar o mercado do petróleo num cenário global de adversidade econômica.

Várias outras tentativas de negociação foram feitas no passado, sem sucesso.

Mesmo assim, o anúncio foi suficiente para derrubar o preço do petróleo do tipo Brent em 2%, para pouco menos de US$ 122 -o menor valor em uma semana.

A disposição para a volta ao diálogo foi anunciada pela chefe da diplomacia da UE (União Europeia), Catherine Ashton, incumbida de mediar contatos entre o grupo conhecido como P5+1 (China, Rússia, EUA, França, Reino Unido, Alemanha) e o Irã.

Ashton disse ter respondido por escrito à oferta feita pelo Irã em fevereiro, semanas após ser submetido às mais duras sanções econômicas já adotadas por EUA e UE.

"Esperamos que o Irã entre agora num processo sustentável de diálogo construtivo que vai trazer avanço real", disse Ashton.

O encontro para selar a retomada das conversas deve ocorrer em abril num país a ser definido.

Num aparente sinal de boa vontade, o governo iraniano disse ontem que os inspetores da AIEA, a agência nuclear da ONU, poderão vistoriar uma base militar que eles haviam sido impedidos de visitar duas semanas atrás.

A AIEA divulgou em novembro um relatório acusando o Irã de ter construído na base de Parchin uma câmara de compressão para testar explosões atômicas.

Teerã nega ter havido atividade nuclear em Parchin e justifica a recusa inicial em permitir a entrada dos inspetores da ONU dizendo que o local é uma central militar e, portanto, não está sujeito a vistorias da AIEA.

O Irã afirma não ter nada a esconder acerca de seu programa nuclear pretensamente pacífico e alega que sua condição de signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear lhe dá o direito de enriquecer urânio para fins energéticos e medicinais.

CONCESSÕES

Analistas advertem que tanto o Irã como o P5+1 precisam se dispor a fazer concessões reais para evitar novo fracasso, o que poderia ser usado como argumento para um ataque israelense.

Apesar de ser o único país no Oriente Médio a possuir a bomba atômica, Israel encara o programa nuclear de Teerã como ameaça existencial e ameaça bombardear as centrais atômicas iranianas.

Segundo um diplomata ocidental ouvido pela Folha, há uma movimentação internacional para evitar uma ação israelense. "Ninguém quer uma guerra, mas também ninguém sabe o que fazer com o Irã. Continuar conversando é a única opção."

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