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Adesão a calote grego deve superar 75%

Resultado da troca de € 206 bilhões em títulos da dívida será anunciado hoje; mercados reagem com entusiasmo

Economia grega mostra novos sinais negativos, com alta do desemprego e mais de 50% dos jovens sem trabalho

John Kolesidis/Reuters
Vendedor de loteria no centro de Atenas (Grécia); taxa de desemprego no país cresceu para 21% em dezembro de 2011
Vendedor de loteria no centro de Atenas (Grécia); taxa de desemprego no país cresceu para 21% em dezembro de 2011

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

O governo da Grécia anunciará hoje cedo o resultado da proposta de acordo com os credores do setor privado, cujo prazo expirou ontem.

A expectativa é a de que ela terá a adesão de mais de 75% dos investidores.

Segundo o "Financial Times", o governo grego contava com pelo menos 90% de aceitação de seu plano.

Desse modo, a Grécia deve enfim receber da "troica" (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI) o segundo empréstimo desde 2010, no valor de € 130 bilhões, fundamental para evitar um calote -uma parte da dívida, de € 14,5 bilhões, vence no dia 20 de março.

Entre as instituições que já aceitaram voluntariamente perdas nos títulos que detêm em troca de novos papéis, com valor e juros menores e prazo maior, estão os bancos BNP Paribas, Commerzbank, Deutsche Bank e HSBC.

Os seis maiores bancos da Grécia e a maior parte de seus fundos de pensão também confirmaram adesão.

Charles Dallara, diretor do Instituto de Finanças Internacionais, disse ontem no Rio que a participação dos credores deverá ser "altíssima". O dirigente, que esteve no Brasil para seminário, participou das negociações com os credores gregos.

A oferta prevê o acionamento de "cláusulas de ação coletiva", mecanismo pelo qual investidores que se recusarem a aceitar voluntariamente as perdas serão obrigados a fazê-lo, desde que haja a adesão de ao menos dois terços dos credores.

A Grécia pode usá-las a partir de hoje.

Os investidores privados, que detêm € 206 bilhões em títulos gregos, devem aceitar uma perda de 53,5% (cerca de € 107 bilhões) no valor nominal dos seus papéis. A troca dos títulos antigos pelos novos começa na próxima segunda-feira, dia 12.

O objetivo do acordo com os credores privados é auxiliar a reduzir a dívida da Grécia, hoje equivalente a 160% de seu PIB (Produto Interno Bruto), para 120,5% em 2020.

Estudos indicam, contudo, que essa redução só seria conseguida com a participação de pelo menos 95% dos credores na operação.

Em troca do novo plano de resgate, Atenas teve que implementar uma série de medidas de austeridade, que causaram revolta popular.

Os mercados continuaram em alta ontem, confiantes no sucesso do acordo com os credores privados. A Bolsa de Frankfurt subiu 2,45%.

Os dados de desemprego no país, entretanto, não são animadores. O número de jovens desempregados pela primeira vez superou o dos que têm trabalho: 51,1% dos gregos entre 15 e 24 anos estão fora do mercado.

No geral, o desemprego em dezembro de 2011 chegou a 21%, ligeiro aumento em relação a novembro, quando o índice era de 20,9%.

Colaborou a Sucursal do Rio

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