Espanha protesta contra reforma trabalhista

Milhares de pessoas participaram ontem de manifestações em cerca de 60 cidades da Espanha. Elas protestaram contra as reformas trabalhistas anunciadas pelo governo.

Entre as medidas que foram aprovadas por decreto no mês passado e confirmadas no Parlamento na última quinta-feira, a mais criticada é que a que diminui os custos das demissões. Ela reduz a indenização e o pagamento de 45 dias para 33 dias de salário por ano trabalhado.

Alegando que o custo das demissões tem sido apontado como uma das principais causas da falta de novas contratações pelas empresas, a ministra do Emprego, Fátima Báñez, diz que o objetivo da medida é "interromper o aumento do desemprego", que já atinge 23,3% da população economicamente ativa e deve aumentar neste ano -mesmo com as alterações na lei.

O problema é maior entre os jovens -na Espanha, a taxa de desemprego para pessoas com menos de 25 anos está em 49,9%.

Os sindicatos dizem que 500 mil pessoas foram às ruas. Eles consideraram "drásticas" as medidas anunciadas pelo governo e pedem incentivos fiscais para estimular a criação de empregos.

Ignacio Fernandez Toxo, secretário-geral das Comissões Operárias, disse que a austeridade dos pacotes é tão a favor das empresas que faz com que as condições de trabalho na Espanha lembrem as que existiam nos anos da ditadura do general Francisco Franco, que governou entre os anos de 1939 e 1975.

Com as manifestações, a oposição espanhola pretende se fortalecer antes da greve geral marcada pelos principais sindicatos do país para o dia 29 de março.

Antes dos protestos, os manifestantes aproveitaram para lembrar os oito anos do 11 de Março, atentado que matou 191 pessoas em estações de metrô. O episódio é considerado o pior ataque terrorista islâmico que já aconteceu na Europa.