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Análise

Temor de uma guerra sectária livra regime de intervenção

RISCO DE GUERRA SECTÁRIA DIVIDE A POPULAÇÃO SÍRIA E SERVE DE DISSUASÃO CONTRA AÇÃO

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A Síria não é a Líbia.

Esse é o refrão mais repetido pelos que alertam para os perigos de uma intervenção militar contra o regime de Bashar Assad nos moldes da que ajudou a derrubar Muammar Gaddafi.

Levando-se em conta a necessidade de proteger os civis, o argumento usado para os ataques na Líbia, a urgência é a mesma. Só que na Síria os riscos são bem maiores.

Pelos cálculos mais modestos, o número de mortos pelas forças de segurança sírias em um ano de repressão está perto dos 8.000.

Na Líbia o total estimado varia de 2.000 a 30 mil, impossível precisar. Mas lá os rebeldes tomaram logo quase metade do país, estabelecendo base para se organizar. Algo que os opositores sírios, por ora, só têm em sonhos.

Na Síria, após um ano de revolta, o regime ainda controla quase todo o território e tem esmagado os poucos bolsões de resistência, como fez recentemente em Homs.

Se a urgência em proteger os civis é semelhante, as diferenças geopolíticas explicam a dificuldade em alcançar consenso internacional.

A oposição é fraca, fragmentada e carece de uma liderança única; a Rússia mantém um escudo diplomático em torno do regime, seu antigo aliado; a composição sectária da população é potencialmente explosiva.

O risco de uma guerra sectária como no Iraque é exagerado na propaganda do governo, mas divide a população síria e serve de dissuasão contra uma ação militar.

O governo e as Forças Armadas dos Estados Unidos parecem ter concluído que uma ação armada implica custos militares e políticos que não vale a pena correr.

Em artigo recente, Joshua Landis, o mais respeitado analista de Síria dos EUA, afirma que, a curto prazo, não há força capaz de derrubar Assad. A deterioração da economia é uma ameaça, mas não para breve.

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