"A Grécia é a Europa e não pode ficar sob domínio da Alemanha"

Para Georgios Karatzaferis, presidente e fundador do partido Laos, de extrema direita, a Grécia está entregue aos alemães. O partido de Karatzaferis participava do governo de coalizão do primeiro-ministro Lucas Papademos, mas retirou o apoio às medidas de austeridade a poucos meses das eleições.

Em entrevista à Folha, Karatzaferis -que enviou as respostas em grego, por e-mail- explica por que seu partido saiu do governo.

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Folha - Por que o senhor decidiu sair do governo?

Georgios Karatzaferis - Quando percebi que os termos que apresentei -não à redução de salários e pensões, não ao abandono da soberania nacional, não à legalização de imigrantes ilegais- começaram a ser pisoteados, daí em diante, compreendi que não tinha mais lugar entre eles. O país foi de fato entregue aos alemães.

Inicialmente, o senhor parecia concordar com as medidas de austeridade. O que fez com que mudasse de ideia?

Não há precedente na história recente da sociedade global para aquilo que nos exigiram. O FMI só conhece uma receita: desvalorizar a moeda. Como temos uma moeda comum, não podiam fazê-lo. Procuraram receitas que não tiveram o sucesso que imaginavam.

O sr. cogita a opção de a Grécia deixar a União Europeia?

Não, em hipótese alguma. A Grécia é a Europa. O maior historiador já o disse há 2.500 anos, depois da vitória sobre os persas, quando lhes barramos o caminho para a conquista da Europa.

Penso, contudo, que é preciso alterar a paridade do euro diante do dólar. O euro valorizado é para países muito desenvolvidos, como a Alemanha, a Holanda e a Finlândia. O sul padece.

Com a aproximação das eleições, o que a comunidade internacional pode esperar?

A comunidade internacional observa a Grécia. Não podemos desapontá-la. É preciso que não vejam um povo histórico como o grego abaixar a cabeça. Não se pode ver quem ensinou a democracia ao mundo ficar sob domínio econômico da Alemanha.