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Israel muda 'regras' com sistema antimíssil

Usado com êxito na semana passada para barrar foguetes palestinos, Domo de Ferro emite recado a inimigos como o Irã

Estratégia é combater não o movimento de tropas inimigas, mas sim seu poder de fogo, interceptando projéteis

DE JERUSALÉM

A troca de hostilidades na faixa de Gaza na última semana teve roteiro conhecido.

Uma chuva de mais de 200 mísseis contra Israel, palestinos mortos (25, a maioria militantes), um cessar-fogo mediado pelo Egito e os dois lados cantando vitória.

Mas a grande estrela deste novo round, ao menos na imprensa israelense, foi o sistema de defesa antimísseis Domo de Ferro, que promete um guarda-chuva contra foguetes de curto alcance.

O sistema teve sucesso em 85% das interceptações tentadas, diz o Exército. O êxito do Domo de Ferro foi usado como recado aos inimigos, sobretudo o Irã, mas também como promoção comercial.

Índia e Coreia do Sul estão inclinadas a adquiri-lo. Nas últimas semanas, emissários da estatal Rafael, que criou o sistema, estiveram com o alto escalão militar de alguns países da América do Sul, que demonstraram interesse. Entre eles o Brasil, conforme apurou a Folha.

O sistema detecta por meio de radares o disparo de projéteis inimigos e os destrói com outro míssil antes que possam causar estragos.

Calculado em bilhões de dólares, o custo operacional também é alto -cada míssil de interceptação é estimado em US$ 70 mil (R$ 126 mil).

Por isso, o sistema é programado para disparar só quando há ameaças a centros populacionais ou instalações estratégicas.

PODER DE FOGO

"Identificamos foguetes de qualquer lugar, no momento do disparo", diz o brigadeiro-general Doron Gavish. Uzi Rubin, principal especialista em mísseis de Israel, compartilha a euforia.

"O Domo de Ferro muda as regras do jogo", diz. "As guerras atuais têm como foco o poder de fogo, não o movimento de tropas".

O desafio é dar uma resposta não apenas contra os foguetes caseiros e mísseis de curto alcance disparados de Gaza. Irã e Síria, diz Rubin, concentram sua capacidade militar nos mísseis balísticos.

"Prova disso é que o Irã não compra um avião militar desde 1996", afirma.

Embora o confronto da semana passada tenha sido com grupos radicais palestinos de Gaza, o Irã estava nas entrelinhas das declarações vitoriosas feitas por Israel.

Enquanto parece preparar o público israelense para um ataque ao programa nuclear iraniano, o premiê Binyamin Netanyahu busca tranquilizá-lo sobre eventual retaliação.

Ocorre que o guarda-chuva antimísseis israelense ainda é pequeno para cobrir o país. Até o momento, só três baterias de mísseis do Domo de Ferro foram instaladas, todas perto de Gaza.

Segundo a comissão de Defesa do parlamento, são necessárias ao menos 13 para proteger todo o território.

Ademais, o sucesso alcançado nesta semana ocorreu em condições quase ideais, contra um inimigo mal equipado e em uma só frente.

Irã, Síria e o grupo libanês Hizbollah possuem vasto arsenal de mísseis balísticos, muitos com alcance suficiente para atingir qualquer ponto de Israel. Contra eles a resposta é um outro sistema, conhecido como "Seta", que ainda está em fase experimental.

(MARCELO NINIO)

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