Ex-pastor e ativista, Gauck é nomeado presidente alemão

Joachim Gauck, 72, tornou-se ontem o terceiro presidente da Alemanha em apenas dois anos, em uma vitória esperada após ganhar o apoio dos principais partidos políticos do país e o endosso da chanceler Angela Merkel.

O nome de Gauck foi apresentado relutantemente por Merkel há um mês, após ela ceder à pressão dos aliados de coalizão em torno do candidato, que não tem filiação partidária.

A eleição é indireta, feita pela Assembleia Federal. Gauck conseguiu 991 dos 1.232 votos. A candidata do Partido de Esquerda, Beate Klarsfeld, obteve 126 votos e o candidato do partido de extrema direita NPD, Olaf Rose, apenas oito. Ao todo, 108 parlamentares se abstiveram.

O cargo tem pouco poder executivo, concentrado nas mãos da chanceler, mas o presidente é considerado uma autoridade moral.

Gauck assume no lugar de Christian Wulff, do partido de Merkel, o União Democrata-Cristã. Ele teve de renunciar em fevereiro, sob pressão de uma série de denúncias de corrupção.

Ex-pastor luterano e ativista de direitos humanos, Gauck é conhecido por falar bem em público, principalmente em discursos em defesa da democracia e liberdade.

Ele foi grande opositor do regime comunista da Alemanha Oriental e, em 1989, organizou protestos na cidade de Rostock, onde vivia.

Após a unificação, tornou-se líder da agência federal que estuda os arquivos da Stasi, a polícia secreta do extinto regime.

"Eu aceito este cargo com a infinita gratidão de uma pessoa que finalmente e inesperadamente encontrou sua casa novamente e que teve o prazer de participar de uma sociedade democrática nos últimos 20 anos", afirmou durante a posse.

Merkel, que não apoiou a candidatura de Gauck em 2010, classificou sua eleição como um sinal do sucesso da reunificação do país.