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Americana apela ao papa por marido preso em Cuba

Mulher de Alan Gross, detido na ilha desde 2009, quer gestão de Bento 16

Ex-funcionário do governo dos EUA foi preso por distribuição ilegal de material de acesso a internet

The Appeal of Conscience Foundation - 8.mar.2012/Associated Press
O rabino Arthur Schneir (à esq.) visita o americano Alan Gross na prisão, em Havana
O rabino Arthur Schneir (à esq.) visita o americano Alan Gross na prisão, em Havana

FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO

Não são apenas os dissidentes cubanos que veem na visita do papa Bento 16 à ilha, na próxima semana, uma chance única de terem suas demandas sob holofotes.

A americana Judy Gross também apela em nome de seu marido, um ex-prestador de serviços do governo dos EUA condenado a 15 anos de prisão em Cuba por crimes contra o Estado.

Alan Gross, 62, está preso na ilha desde dezembro de 2009, quando foi apanhado pelas autoridades locais distribuindo ilegalmente, de acordo com as leis cubanas, equipamentos de acesso a internet e celulares à pequena comunidade judaica cubana.

Ele trabalhava para a Usaid, a agência de cooperação dos EUA que tem controverso programa para "promover a democracia em Cuba".

"Estamos pedindo ao papa que faça tudo ao seu alcance para instar o governo cubano a libertar Alan por motivos humanitários", disse Judy à Folha.

Na prisão, Gross perdeu 45 kg. A mãe, de 89 anos, e a filha, de 26, estão com câncer.

Como os caminhos legais se esgotaram, Judy diz que seriam "muito bem-vindas" gestões de países como o Brasil. "Queremos sair dessa discussão entre os dois países e trazê-lo para casa."

MOEDA DE TROCA

O governo cubano não chama Gross de "espião", mas não esconde que a sua detenção é um trunfo que gostaria de usar nas negociações sobre o caso dos "cinco heróis", agentes secretos cubanos presos e condenados nos EUA em 2001.

A ideia, diz Havana, é chegar a uma solução "humanitária recíproca".

Do lado americano, também sempre se evitou a equiparação de Gross aos cubanos, mas a estratégia parece ter dado um giro.

Na semana passada, a defesa do americano fez um apelo a Raúl Castro: ele quer viajar aos EUA para se despedir da mãe doente.

O pedido veio apenas semanas depois de René González, 55, um dos cubanos condenados e sob liberdade condicional nos EUA, pedir para viajar a Cuba e visitar o irmão, também com câncer.

O Departamento de Justiça negou a autorização citando "preocupações do FBI".

Quando tudo parecia estancado, uma decisão de um tribunal de Miami moveu o tabuleiro anteontem. González foi autorizado a ir a Havana por duas semanas.

O Departamento de Estado americano aproveitou para citar o caso de Gross ontem. "Fico contente [sobre o cubano]", afirma Judy. "Agora espero que Cuba aceite o pedido de Alan."

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