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Perfil / Annise Parker

Prefeita gay de Houston reúne adversários

Democrata, ela foi eleita com apoio dos republicanos para comandar a maior cidade do conservador Texas

Parker vem hoje a São Paulo para promover sua cidade como destino de negócios para brasileiros

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A HOUSTON, TEXAS

Ela é casada -com outra mulher- e tem filhos, e, embora filiada ao Partido Democrata, foi eleita com apoio significativo dos republicanos em plena era da polarização para comandar a quarta maior cidade dos EUA, Houston.

Aos 55, Annise Parker, que será recebida hoje pelo prefeito Gilberto Kassab, é um tipo raro na política dos EUA.

Talvez por isso, a revista "Time" a tenha posto em 13º na lista das cem pessoas mais influentes em 2010.

Pragmática, prega a coordenação com a oposição e o conservadorismo fiscal que normalmente serve de plataforma aos republicanos, bem como a mentalidade pró-negócios que, em tempos de "Occupy Wall Street", poucos colegas de partido vêm a público defender.

"Aqui, as empresas vêm em primeiro lugar", diz ela, que passou duas décadas na indústria petroleira e seis anos respondendo pelas finanças do município (cargo eleito).

E é para isso que a prefeita está no Brasil nesta semana: atrair empresas.

A reportagem da Folha foi recebida por Parker em seu gabinete na semana passada, com um pequeno grupo de jornalistas estrangeiros.

Polo petroleiro dos EUA e sede de um dos mais importante centros médicos do país (o Houston Medical Center), a cidade está em campanha para se promover como destino de negócios.

Socialmente, porém, Parker é progressista. Em doses iguais, critica o presidente Barack Obama (seu correligionário) e o governador Rick Perry (republicano) pela inércia quanto à imigração.

À frente de uma cidade onde 28% nasceram no exterior, ela defende a anistia como política econômica.

LIVRARIA

Apesar da discrição, o que a alçou às manchetes foi sua orientação sexual. O Texas, até 2003, mantinha uma lei antissodomia (embora raramente evocada) que tornava o homossexualismo crime.

Ainda assim, foi a texana Houston a primeira metrópole americana a eleger -e reeleger em 2011, pois o mandato é de dois anos- uma prefeita sabidamente gay, que por uma década teve uma livraria feminista lésbica.

Apesar disso, Parker responde com um inequívoco "não" quando indagada se pretende abraçar a causa no cenário político nacional.

"Já fui convidada, claro", disse à Folha. "Estou fora do armário desde minha adolescência, fui ativista lésbica na faculdade e fiz parte de várias campanhas. Mas meu trabalho como prefeita é defender meus cidadãos."

Ela não se importa, porém, de falar de si, se isso mudar a imagem de que no Texas só há conservadores.

"Aqui, somos uma cidade muito pragmática, moderada, socialmente tolerante, mais interessada no que você pode fazer do que no que você é", diz. "Em muitos assuntos, estamos no centro."

Desde 1990, Parker vive com sua parceira, Kathy, com quem tem três filhos. Em sua primeira eleição, a questão só veio à tona uma vez, levantada por um grupo de pastores que a acusou de querer promover a "agenda gay". Logo se dissipou.

Na ocasião, uma pesquisa Zogby mostrou que só 18% dos eleitores se importavam com a orientação sexual do ocupante da prefeitura.

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