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Papa fala de dissidentes e liberdade em Cuba

Em reunião privada com Raúl Castro, Bento 16 tratou da situação dos prisioneiros do regime, segundo o Vaticano

Teor da conversa não foi revelado; à tarde, papa rezou missa na praça da Revolução e voou de volta a Roma

Efe/Osservatore Romano
O ex-ditador cubano Fidel Castro se reúne como papa Bento 16, ontem, em Havana; encontro durou aproximadamente 30 minutos
O ex-ditador cubano Fidel Castro se reúne como papa Bento 16, ontem, em Havana; encontro durou aproximadamente 30 minutos

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A HAVANA

O papa Bento 16 usou o sermão da missa que rezou ontem em Havana para pedir mudanças "em Cuba e no mundo" e liberdade para os indivíduos e para a Igreja Católica na ilha.

O pontífice fez várias referências aos "privados de liberdade" durante os três dias de visita ao país encerrados ontem, mas reservou o delicado tema dos prisioneiros políticos do regime comunista para a conversa privada que teve com o ditador Raúl Castro anteontem, segundo informação do Vaticano.

Em seu último discurso na ilha, no aeroporto, Bento 16 voltou a tocar no tema das liberdades individuais, dessa vez de modo mais enfático.

Disse que elas são parte das "exigências fundamentais da dignidade" para "construir uma sociedade em que cada um se sinta protagonista indispensável do futuro de sua vida, da sua família, da sua pátria".

Ele também criticou o embargo econômico imposto pelos EUA a Cuba. E não esqueceu das específicas da igreja de Cuba, como a prerrogativa de atuar nas educações fundamental e universitária.

Na cerimônia do aeroporto, Raúl Castro antecedeu Bento 16 dizendo ter com ele "muitas e profundas coincidências". Fez aceno conciliador à diáspora cubana, outro tema presente na visita.

"Reconhecemos a contribuição patriótica da emigração cubana", afirmou. Condenou, contudo, "a manipulação dos temas migratórios com fins políticos".

"VOTO DE SILÊNCIO"

Dezenas de dissidentes denunciaram ofensiva repressora do governo para impedi-los de protestar ou mesmo de ir à missa celebrada pelo papa na praça da Revolução.

A operação foi chamada nas redes sociais de "voto de silêncio". Anteontem, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que a questão foi abordada pelo papa com o governo, mas não forneceu detalhes.

"Foi um tema abordado no encontro pessoal, mas não tenho nomes específicos."

O porta-voz havia sido questionado especificamente sobre o caso do americano Alan Gross, prestador de serviços do governo americano preso em 2009 e condenado no ano passado em Cuba por distribuir telefones e equipamentos de internet -ilegal pelas leis locais.

A família de Gross fez intensa campanha para que o pontífice intercedesse por ele.

Lombardi disse que o papa Bento 16 não concedeu "o minuto" pedido pelo grupo opositor cubano Damas de Branco porque, durante a viagem, não recebeu nenhum grupo específico, quer seja "dentro ou fora da igreja".

O porta-voz afirmou que os discursos do papa transmitiram a percepção dele sobre o tema. "Não é por acaso que o papa fala das expectativas de todos os cubanos", disse.

"Se escutarem os discursos, poderão ver qual a recepção do papa às mensagens que a ele chegaram e quais são suas perspectivas."

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