Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Brasil manda diplomata estudar chinês De olho na ascensão do gigante asiático, Itamaraty cria um programa para familiarizar seu quadro com o idioma No ano passado, país foi o destino de 17,2% das exportações brasileiras; corrente de comércio não para de aumentar FLÁVIA FOREQUEDE BRASÍLIA De olho na ascensão da China, o Itamaraty criou um programa para estimular seus diplomatas a estudar mandarim, idioma do país. Em fevereiro, cinco recém-formados no Instituto Rio Branco viajaram para Pequim para estudar o idioma durante seis meses numa universidade da capital. O projeto-piloto é uma parceria entre a pasta e o Hanban, escritório vinculado ao Ministério da Educação da China para a difusão do idioma no exterior. "Relacionar-se com a China hoje é o grande desafio. Precisamos ter maior capacidade de análise e compreensão [do país]", afirma Sérgio Barreiros, diretor-adjunto do instituto. Os números da balança comercial reforçam o discurso: nos últimos dez anos, a corrente de comércio (importações e exportações) do Brasil cresceu pouco mais de quatro vezes. Com a China, pouco menos de 24 vezes. Em 2011, o gigante asiático foi o destino de 17,2% das exportações brasileiras, que totalizaram U$ 256 bilhões. Diante desse cenário, fica clara a necessidade de "captar as sutilezas da comunicação" com a China, como disse Barreiros. O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, foi um dos entusiastas do programa -o próprio ministro tem aulas particulares de mandarim. Na China, os jovens diplomatas têm 20 horas semanais de aulas sobre escrita, leitura, compreensão oral e auditiva do idioma. Durante o curso, os servidores não assumem nenhuma função na embaixada brasileira -a única tarefa é aprender chinês. "Eles são bem exigentes. Cobram muita disciplina, dedicação e a quantidade de matéria todo dia é muito grande", afirma Pedro Henrique Barbosa, um dos diplomatas selecionados. Filho de imigrantes chineses, o secretário Johnny Wu ressalta a experiência cultural da viagem. "Coisas simples como criar um cachorro ou ir a um hospital local constituem experiências únicas." Para o diplomata Pedro Luiz Nascimento, outra vantagem é o acesso a informações em fontes primárias, sem a necessidade de recorrer a traduções -no momento, os diplomatas estão no nível intermediário. Todos foram selecionados entre os melhores alunos do curso de chinês dado no Rio Branco. Além de aulas obrigatórias de inglês, francês e espanhol, os diplomatas precisam escolher uma das três "línguas exóticas" ofertadas: chinês, árabe ou russo. Chen Jiaing, diretor do Instituto Confúcio em Brasília, reconhece que a missão de aprender a língua não é fácil. "Cada caractere chinês tem quatro tons e tem que ser pronunciado com o tom exato, senão dificulta o entendimento. Pior ainda [para os estrangeiros] é escrever." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |