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Análise

Continente deve ter sua geração perdida, como aconteceu no Japão nos anos 1990

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE SÃO PAULO

A certeza de que a Europa terá uma "geração perdida" fica cada vez mais sólida com a publicação mensal de novos números de desempregados no continente.

Segundo dados divulgados ontem, já são dois os países cuja taxa de desemprego entre jovens (pessoas de 15 a 24 anos) passa dos 50% (Espanha e Grécia).

Em outros seis (Bulgária, Eslováquia, Irlanda, Itália, Lituânia e Portugal), ela está acima dos 30%.

A crise que se arrasta desde 2008 no continente teve efeito devastador no mercado de trabalho em geral, com o total de desempregados batendo sucessivos recordes.

Mas a situação é bem pior entre os jovens.

Em agosto daquele ano, um mês antes da quebra do banco Lehman Brothers, nenhum dos 27 países da União Europeia tinha taxa de desemprego superior a 25% para pessoas entre 15 e 24 anos.

Hoje, são 13.

Tanto na Espanha quanto na Grécia, é muito maior a probabilidade de você encontrar um jovem sem emprego que outro com trabalho.

Isso porque a taxa de 50% não significa que metade deles estejam empregados.

O cálculo leva em conta apenas as pessoas que procuraram emprego nas quatro semanas anteriores à pesquisa. Ou seja, estudantes de período integral ou aqueles que preferem viver à custa dos pais estão fora da estatística.

A situação tende a se agravar a partir de julho, com o fim do período letivo no hemisfério Norte, o que joga no mercado um grande número de recém-formados.

Eles entrarão na briga pelos empregos existentes, uma vez que o continente não tem criado vagas.

Altas taxas de desemprego por longo tempo criam a geração perdida porque as pessoas não conseguem emprego logo depois de formadas e passam a ser menos interessantes para o mercado de trabalho ao ficarem mais velhas e sem experiência.

Quando a economia se recupera, acabam preteridas.

Foi o que aconteceu no Japão nos anos 90. É o que deve acontecer na Europa, que tem previsão de recessão neste ano e de baixo crescimento econômico nos próximos.

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