Índice geral Mundo
Mundo
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

'Nova onda' da crise europeia atinge Bolsas

Espanha tem fracasso em venda de títulos após medidas de austeridade e levanta rumor sobre provável pacote de socorro

Pessimismo que levou à queda dos mercados foi acentuado pela perspectiva de BC dos EUA reduzir estímulos

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O fracasso da Espanha em vender títulos de sua dívida um dia após anunciar cortes no Orçamento e a pouca disposição do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) em injetar mais dinheiro na economia dos EUA derrubaram ontem as Bolsas em todo o mundo e intensificaram os temores de recessão.

A Espanha só conseguiu vender € 2,6 bilhões em títulos -valor que não foi muito além de sua mais baixa expectativa, de € 2,5 bilhões. A previsão mais otimista era conseguir vender € 3,5 bilhões dos papéis com vencimento em 2015, 2016 e 2020.

Contudo, para conseguir vender esse mínimo, a Espanha teve ainda que pagar um preço mais alto: elevou a taxa de juros a 5,338% para os papéis com prazo de oito anos -na última venda de títulos, em setembro, os juros assumidos foram de 5,156%.

As taxas de juros emitidas para os títulos de três e quatro anos foram de 4,4% e 4,25%, respectivamente.

Diante do resultado, as Bolsas de Londres, Paris, Milão e Madri fecharam todas com uma queda superior a 2%. No Brasil, a Bovespa caiu 1,18%.

Os mercados já haviam iniciado o dia em baixa após a divulgação da ata de reunião do Fed. Nela, os formuladores de política do banco central americano se mostraram menos propensos a lançar uma nova rodada de estímulo monetário, diante da melhora da economia dos EUA.

Ontem, o ágio (diferença entre o retorno que o governo paga aos investidores por um título e o pago por similar alemão) da Espanha subiu à sua mais alta taxa desde novembro, antes de o premiê Mariano Rajoy assumir.

Para muitos, o fraco desempenho do leilão eleva os riscos de que a Espanha seja o quarto país a ter de ser resgatado pela zona do euro.

"A crise do euro sempre vem em ondas e esta é, claramente, uma nova onda", disse o economista-chefe do banco Berenberg, Holger Schmieding, à Reuters. "Há muita volatilidade e não parece que atingimos o fundo ainda."

Para o presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi, no entanto, o resultado do leilão espanhol corresponde a uma pressão do mercado por reforma no país e não significa, necessariamente, que a Espanha se encaminhe para recessão.

"Os mercados estão pedindo aos governos que cumpram os termos de consolidação fiscal e as reformas estruturais", disse Draghi.

PACIÊNCIA

O Banco Central Europeu manteve ontem sua taxa básica de juros em 1%, o nível mais baixo de sua história. Esse índice não é alterado desde dezembro de 2011, quando foi adotado no contexto de agravamento da crise da dívida na zona do euro.

Segundo Draghi, o banco não pretende abandonar as medidas anticrise e qualquer discussão sobre uma estratégia de saída "é prematura".

"Essas medidas não convencionais precisam de tempo para que seu pleno impacto seja sentido e tenham um efeito positivo no aumento dos empréstimos quando se reativar a demanda", disse.

O Banco Central alemão defende que já é hora de abandonar as medidas e critica a taxa de juros de 1%.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.