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Ataque sírio mata dissidentes na Turquia

Segundo Ancara, exército de Assad disparou contra cidadãos que tentavam atravessar a fronteira; dois são mortos

Escalada de violência pelo regime às vésperas do prazo para cessar-fogo faz plano de paz ser considerado inócuo

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Depois de 13 meses de revolta contra o regime sírio, a violência cruzou ontem pela primeira vez a fronteira turca, deixando dois mortos.

Segundo a Turquia, eles foram atingidos por tiros disparados pelo Exército da Síria quando tentavam se juntar aos mais de 24 mil sírios que buscaram refúgio da repressão em território turco.

Outras 23 pessoas ficaram feridas, incluindo quatro atingidas por tiros num campo de refugiados. O incidente irritou o governo turco e aumentou o ceticismo em relação ao cessar-fogo que, de acordo com o plano da ONU e da Liga Árabe, deve começar a ser implementado hoje.

Desde que sinalizou positivamente ao plano do enviado especial, Kofi Annan, há oito dias, o regime sírio intensificou a ofensiva.

Centenas morreram nos últimos dias, a maioria civis e combatentes rebeldes, além de soldados sírios. Oposição e governo se acusam pela escalada. A Turquia convocou diplomatas sírios e exigiu explicações. Crítico feroz do regime sírio na região, o governo turco deixou claro, após o incidente, que considera o plano de Annan morto.

"[O prazo de] 10 de abril tornou-se nulo", disse o vice-chanceler, Naci Koru. "Depois da visita de Kofi Annan amanhã [hoje] começa um novo estágio."

No fim de semana, o jornal turco "Milliyet" publicou que Ancara planeja enviar soldados até o fim do mês para criar uma "zona-tampão" dentro da Síria.

Annan fará hoje uma visita a campos de refugiados sírios na Turquia antes de seguir para o Irã, principal aliado do regime sírio.

A violência também cruzou ontem a fronteira com o Líbano. Um cinegrafista da TV Al-Jadeed foi morto por soldados sírios quando filmava do lado libanês, segundo a emissora.

No domingo, o governo sírio exigiu garantias por escrito de cessar-fogo dos rebeldes antes de retirar suas tropas dos centros urbanos, como prevê o plano de Annan.

Riad al Asaad, comandante do ELS (Exército Livre da Síria), principal força rebelde, disse que aceita cumprir o plano, mas descartou um compromisso por escrito.

Para o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, chefe da comissão criada pela ONU para investigar os abusos cometidos na Síria, a nova exigência do regime torna a missão de Annan "impossível".

"Na véspera do prazo o governo da Síria, em vez de preparar a retirada, aumentou a ofensiva militar", disse.

A ONU estima que 9.000 civis já tenham sido mortos pelas forças de segurança sírias.

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