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Coreia do Norte desafia vizinhos e lança foguete

Unha-3 cai cerca de um minuto após iniciar o voo; EUA, Coreia do Sul e Japão apontam fins belicosos no projeto

Governo sul-coreano confirma fracasso do lançamento; Japão realiza uma reunião de emergência sobre tema

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Apesar das críticas e de ameaças de sanção dos Estados Unidos e de outros países, a Coreia do Norte realizou hoje o controvertido lançamento de um foguete. As primeiras informações sugerem que o teste foi um fracasso.

O lançamento do Unha-3 ocorreu às 7h39 de hoje (12 horas na frente do horário de Brasília) a partir de uma nova base no sudoeste do país.

De acordo com o monitoramento feito pelo Japão e pela Coreia do Sul, o foguete se desintegrou em vários pedaços cerca de um minuto depois do lançamento. Os destroços teriam caído em águas norte ou sul-coreanas, a cerca de 165 quilômetros de Seul.

Logo após o lançamento, o governo japonês convocou uma reunião de emergência com a cúpula militar e de inteligência, mas disse que não há motivo para a população do país se sentir ameaçada.

Em nota oficial lida pelo chanceler Kim Sung-hwan, o governo da Coreia do Sul disse que o lançamento foi uma "ameaça provocativa" à paz e que Pyongyang deveria assumir a responsabilidade pela sua repercussão.

Já a Coreia do Norte não emitiu nenhuma declaração nem mostrou o lançamento do foguete pela TV estatal.

A Coreia do Norte anunciou o lançamento no mês passado e afirma que se trata de uma tentativa de colocar um satélite em órbita. Mas os EUA, a Coreia do Sul e o Japão viram na iniciativa um teste disfarçado de míssil a longa distância.

O anúncio do teste, há cerca de um mês, fez com que os EUA congelassem um recente acordo de envio de alimentos em troca da paralisação de testes nucleares e de mísseis de longa distância.

A Coreia do Norte, um dos regimes mais fechados do mundo, vem sofrendo com problemas de desabastecimento alimentar há vários anos. Dezenas de milhares de pessoas estariam sofrendo com desnutrição, principalmente crianças da zona rural.

Desde os anos 1980, ações militares norte-coreanas provocaram várias crises com os Estados Unidos e aliados. Um estudo do "think-tank" americano Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês) mostra que, em média, as relações entre Pyongyang e Washington levam cinco meses para se recuperar.

Já a China, único país aliado de Pyongyang, expressou "preocupação" com o teste, mas não foi além disso. Interessado na estabilidade do regime comunista norte-coreano, Pequim anunciou em dezembro a construção de um complexo portuário e de exportação no país vizinho, projeto orçado em US$ 3 bilhões.

É a quarta vez que a Coreia do Norte lança um foguete desse tipo. Em duas ocasiões, disse ter conseguido enviar satélites para o espaço, mas nenhum outro país disse ter encontrado provas disso.

Além da crise provocada pelo lançamento, um relatório divulgado nesta semana por Seul afirma que a Coreia do Norte estaria preparando a realização de seu terceiro teste nuclear.

A inteligência sul-coreana teria imagens de satélite mostrando que Pyongyang construiu um novo túnel em Punggye-ri, região onde foram realizados testes nucleares.

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