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Favoritos na França criticam austeridade

Sarkozy, que tenta reeleição, defende que BC europeu sustente crescimento; Hollande promete ser mais forte que o mercado

Candidatos promovem 'debate indireto' em dois megacomícios
na capital francesa uma semana antes do pleito

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

À falta do já clássico debate direto entre os dois principais candidatos em um estúdio de TV fechado, a França viu ontem -a sete dias do primeiro turno da eleição presidencial- um debate indireto em praça pública, no qual o presidente-candidato Nicolas Sarkozy estava a 12 km de distância do favorito, o socialista François Hollande.

Sarkozy armou seu gigantesco palanque na emblemática Place de la Concorde, ponto célebre de Paris, descrita pelo próprio presidente como mais que uma praça, "uma maneira de pensar. Tudo que é verdadeiramente francês se mede aqui", disparou para a multidão calculada pelos organizadores em 100 mil pessoas, açoitadas pelo vento polar em plena primavera do hemisfério Norte.

Um vento ainda mais gelado batia na esplanada do Château de Vincennes, na qual discursou François Hollande, também para 100 mil pessoas, segundo os organizadores (a mídia eletrônica francesa evitou fazer seus próprios cálculos).

Os megacomícios serviram como uma espécie de consolidação de promessas e anúncios que cada um dos dois favoritos havia feito ao longo da campanha.

A novidade ficou a cargo de Sarkozy e sua enfática defesa de um novo papel para o Banco Central Europeu, o de "sustentar o crescimento". Os estatutos do BCE preveem só a defesa do euro -ou seja, o banco deve impedir que ele seja minado pela inflação.

Sarkozy não deu, no entanto, detalhes a respeito de como deve ser esse novo papel.

O BCE já reduziu os juros a níveis irrisórios, o que, em tese, ajuda no crescimento.Além disso, nos últimos três meses, despejou uma montanha de dinheiro (perto de € 1 trilhão) nos bancos, para desentupir as veias do sistema, bloqueadas porque ninguém sabe direito que banco detém quantos títulos podres.

Nenhuma das iniciativas produziu resultado em matéria de crescimento até agora.

De todo modo, a campanha eleitoral na França é permeada por uma revolta mais ou menos enfática com o remédio hegemônico imposto pela Alemanha e centrado em uma sufocante austeridade.

Hollande afirmou no seu comício que a política em curso na França "segue um modelo estrangeiro", quando ele acha que "a França não é um problema; é a solução" (ou pelo menos será no governo dele). De certa forma, Sarkozy concorda, pelo menos no slogan escolhido para sua campanha e que adornava o pódio em que discursou: "La France Forte".

Os dois líderes nas pesquisas coincidiram na crítica ao sistema financeiro. Sarkozy propôs substituir "o capitalismo financeiro pelo capitalismo do empreendedor".

Boa frase de efeito, não fosse o fato de que, assim que explodiu a crise de 2008, que ainda corrói a Europa, ele já tivesse dito que pretendia "refundar o capitalismo".

Hollande, por seu lado, prometeu "ser um presidente da República mais forte que o mercado".

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