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Cúpula é encerrada sem declaração final

Representantes das Américas reunidos na colombiana Cartagena não chegam a consenso sobre Cuba e Malvinas

Presidente da Colômbia nega que evento tenha fracassado; Obama diz aguardar investigação sobre caso de agentes

SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL A CARTAGENA

A 6ª Cúpula das Américas terminou ontem na cidade colombiana de Cartagena sem uma declaração final.

Como não houve consenso entre os países com relação a dois temas polêmicos -a inclusão de Cuba nos encontros e a reivindicação argentina pelas ilhas Malvinas-, decidiu-se por não produzir um documento final.

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que não se poderia considerar o evento um "fracasso" por causa disso. "Não há declaração porque não há consenso", disse, e comemorou o fato de ter sido possível discutir temas controvertidos.

O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, elogiou a grande participação dos chefes de Estado e disse que os ambientes de discussão foram de "liberdade e transparência".

Logo após a foto oficial, tirada no final da manhã de ontem, os mandatários começaram a deixar a cidade. Uma das primeiras a ir embora foi a argentina Cristina Kirchner.

Ela ficou incomodada com o fato de Santos não incluir a questão do arquipélago disputado entre esse país e o Reino Unido em sua fala final.

O tema cubano dominou o noticiário durante todo o evento. Após o boicote do encontro realizado pelo equatoriano Rafael Correa, que disse que não viria enquanto a ilha não fosse convidada, outros países subiram o tom da reivindicação da inclusão dos cubanos, como Bolívia, Chile e a própria Colômbia.

O presidente boliviano, Evo Morales, disse que não haveria integração na América Latina enquanto Cuba não estivesse presente e, em protesto, ausentou-se da última reunião dos mandatários.

O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, representando Hugo Chávez, ausente por questões de saúde, disse que o governo americano colocaria a "lápide" nas cúpulas das Américas caso mantivesse a posição sobre a ilha.

A ausência da ilha ocorre por conta da pressão dos EUA, que mantêm um embargo econômico ao país por se tratar de uma ditadura.

DROGAS

Obama admitiu "falta de consenso" entre EUA e alguns países latino-americanos sobre Cuba e disse ter esperança de que "comece a ocorrer uma transição democrática" na ilha, mas afirmou que "ainda não se chegou a isso".

Cuba não foi o único tema incômodo para Barack Obama. O presidente americano também ouviu de um grupo de países a reivindicação por discutir a liberação das drogas, como medida de combate ao narcotráfico.

Os países centro-americanos e a Colômbia lideraram os pedidos por um debate sobre os meios utilizados na luta contra o problema.

Obama disse que se opunha à liberação, mas admitiu a responsabilidade dos EUA como país consumidor e disse ser favorável a um debate.

A presidente Dilma Rousseff afirmou que a questão das drogas deve ser confrontada a partir de um tripé de ações: combate ao narcotráfico, assistência aos dependentes e prevenção.

Sobre o caso dos agentes do Serviço Secreto acusados de mau comportamento por terem ingerido bebidas alcoólicas em grande quantidade e contratarem prostitutas, Obama disse que aguarda os resultados da investigação e que ficará "furioso" se as acusações se confirmarem.

Atrasos na agenda fizeram Dilma e Santos cancelarem uma reunião bilateral. A presidente foi então almoçar no restaurante La Vitrola, um dos melhores de Cartagena, na companhia dos ministros Aloizio Mercadante (Educação), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Patriota.

O grupo pediu arroz cremoso com mariscos e vinho. Depois disso, a comitiva partiu em direção ao aeroporto, de onde voltaria a Brasília.

LIVRE COMÉRCIO

Reunidos após o fim do encontro, Santos e Obama acordaram a entrada em vigor, a partir de 15 de maio, do tratado de livre-comércio que livrará de taxas 80% dos produtos que os EUA exportam para a Colômbia.

"É uma vitória para a Colômbia, porque dará acesso a um mercado, e uma vitória para os EUA, porque ajudará a duplicar as exportações", disse o americano.

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