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Americano apoia Dilma contra 'tsunami'

Segundo ex-secretário da Defesa, Washington mostra duplo padrão ao criticar a China

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

A presidente Dilma Roussef levantou um "ponto válido" ao cobrar do colega Barack Obama ações contra o "tsunami monetário" criado pela emissão de moeda nos países ricos, que provoca a valorização do real, disse o ex-secretário da Defesa americano William Cohen.

Para ele, os EUA mostram um "padrão duplo" quando criticam a desvalorização da moeda chinesa, o yuan, ao mesmo tempo em que apostam na desvalorização do dólar para combater a crise.

"Quando fazemos perguntas aos chineses sobre a desvalorização deliberada da moeda deles, enquanto nós temos o relaxamento monetário, eles respondem: 'me diga a diferença, é filosófica ou econômica?'", contou.

O ex-congressista e ex-secretário de 1997 a 2001 (governo Clinton) veio ao Brasil como presidente do Cohen Group, que presta consultoria a empresas interessadas em fazer negócios no exterior.

Ele tem 14 clientes que atuam ou querem atuar no país em setores como energia, defesa, aviação, arquitetura e segurança, os dois últimos como parte dos preparativos para a Copa e Olimpíada.

Na semana passada, na visita de Dilma a Washington, Cohen se reuniu com a presidente e mais 11 executivos. Conversaram sobre o cancelamento da concorrência, vencida pela Embraer, para o fornecimento de aviões à Força Aérea americana.

"Ela disse que, se brasileiros competem por um projeto nos Estados Unidos, cumprem todos os padrões e regulações, deve haver uma garantia de que esse é o processo que prevalecerá, sem ser modificado por considerações políticas. Eu concordei."

Para o ex-secretário, a relação entre EUA e Brasil deve recuperar o tempo perdido pelo "desvio de atenção" causado pelo 11 de Setembro. "O Brasil emergiu como um poder real, e não só em petróleo e gás com as novas descobertas [do pré-sal]."

Ele vê erro em apresentar a contenção da China como objetivo da estratégia militar dos EUA. "Os países asiáticos sabem que a nossa presença garante que ninguém dominará totalmente a região. Mas também querem ter certeza de que não estamos lá para provocar os chineses."

Segundo Cohen, Pequim é a principal beneficiária da "estabilidade" trazida pela presença americana na Ásia. "Se sairmos e a China ocupar o vácuo, o Japão vai ficar parado?", perguntou.

Cohen disse que a atual negociação nuclear entre o Irã e as potências do Conselho de Segurança da ONU são um passo adiante, mas teme descompasso entre o prazo dos EUA e o de Israel.

"Se os israelenses sentirem que estamos negociando um resultado que não serve a seus interesses de segurança, podem ser tentados à ação militar, o que terá consequências devastadoras."

FOLHA.com
Leia a íntegra em
folha.com/no1078045

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