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FMI cobra Brics para selar fundo anticrise

Proteção já soma US$ 320 bi, mas expectativa é de até US$ 500 bi; Mantega indica aporte, mas hesita em declarar valor

Governo brasileiro condiciona decisão a indicação de que haverá reforma de cotas em organismo multilateral

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON
VERENA FORNETTI
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

O Fundo Monetário Internacional levantou US$ 320 bilhões para criar uma barreira de proteção anticrise e cobra agora a contribuição de Brasil, Rússia, Índia e China para fazer do "firewall" o grande resultado de sua reunião de primavera, que começa hoje em Washington.

A expectativa é de que sejam levantados de US$ 400 bilhões a US$ 500 bilhões para o novo fundo, um amortecedor aos países-membros no caso de uma nova crise.

Mas não há consenso ainda sobre o montante com o qual os Brics vão contribuir, disse o ministro Guido Mantega (Finanças), que voltou a condicionar o aporte brasileiro à reforma do sistema de cotas do fundo para ampliar o peso dos emergentes.

"O Brasil, desde o início, vê a necessidade de um reforço do FMI, mesmo porque a crise internacional não está resolvida", afirmou Mantega após reunião do grupo, da qual saiu sem posição única.

"Porém, nós não estamos preparados para definir uma cifra, mesmo porque existem condições prévias que ainda não foram respondidas, como o cumprimento da agenda de reformas no prazo."

Os Brics sinalizam que agirão, mas relutam em anunciar aportes. A hesitação tem elevado a pressão.

Ontem, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, fez novo apelo ao grupo.

"Os Brics são um belo nome inventado pelo [banco de investimentos] Goldman Sachs", afirmou, ao ser indagada sobre a resistência.

"O que eles têm em comum é o apreço ao multilateralismo, e espero que isso seja demonstrado por seus membros -inclusive os que estão se manifestando por aí- até o fim desta reunião."

O recado soou como uma mensagem clara ao Brasil, o mais vocal dos quatro.

"Alguns países têm mais entusiasmo em pedir dinheiro dos emergentes do que em levar adiante a reforma de cotas, pois eles vão perder espaço", afirmou Mantega.

Segundo o ministro, a questão seria discutida na noite de ontem em um jantar dos ministros do G20, dando a entender que um anúncio poderia vir hoje ou amanhã.

A reforma das cotas, aprovada em 2010, precisa passar pelo Legislativo de todos os países-membros -o que não ocorreu na Alemanha e nos EUA, entre outros. Lagarde disse que cobrará o compromisso para o fim de semana.

NUVENS

O FMI já contabiliza US$ 320 bilhões, com US$ 200 bilhões da União Europeia, US$ 60 bilhões do Japão e US$ 60 bilhões de outros europeus.

Sem cifras, porém, o fundo tem admitido que a melhora do panorama econômico pode recalibrar o valor antes almejado (acima de US$ 1 trilhão, contados os US$ 500 bilhões da barreira específica da UE anunciada pelos europeus em março).

Ontem, Lagarde afirmou que a recuperação da economia global está em curso, mas que ainda há riscos.

Problemas como alto desemprego, a desaceleração do crescimento, a redução dos investimentos dos bancos europeus, a volatilidade financeira na Europa e os preços do petróleo, listou, ainda são ameaças sérias.

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