Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Integrantes do Bric querem criar confusão, afirma Lagarde

Diretora do FMI se referia a versões divergentes sobre novos repasses dos países ao fundo

Para Mantega, ajuda dos emergentes depende de reformas no organismo; ministro indiano diz que não há pré-condições

ANDREA MURTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM WASHINGTON
LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, criticou ontem os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) pela cacofonia criada em torno da nova barreira anticrise do FMI, que visa proteger os países-membros em caso de futura turbulência econômica.

"É do interesse deles [Bric]criar o máximo de confusão possível", declarou Lagarde à Folha ontem, na conclusão da reunião de Primavera do FMI, ao ser indagada sobre a discrepância de versões da contribuição dos emergentes.

Sorrindo, porém, a chefe do FMI confirmou que os Bric levaram a ela números que evitam tornar públicos.

Após duas reuniões semestrais pouco frutíferas e meses de negociação, o FMI encerrou o encontro ontem com US$ 430 bilhões (R$ 808 bilhões) na nova barreira, cumprindo sua meta e acalmando os mercados diante da volatilidade na União Europeia.

O valor superou expectativas (US$ 400 bilhões), mas não chegou aos US$ 500 bilhões almejados há um mês.

A cacofonia dos Bric, porém, marcou o encontro.

O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, passou dois dias insistindo que a estratégia de esperar a cúpula do G20 em junho para declarar valores era conjunta e visava pressionar o avanço na reforma do sistema de cotas do FMI, que foi aprovada em 2010 para dar mais peso aos emergentes.

O compromisso aparece nos comunicados finais do encontro, como quis o Brasil. Mas depende da boa vontade do Legislativo de países como Alemanha e EUA.

O brasileiro, porém, foi desmentido na noite de sábado por seu colega indiano, Pranab Mukherjee, que declarou que o atraso na oficialização das cifras se deve à necessidade da China e da Rússia aprovarem os aportes por seus gabinetes.

"Anunciaremos [o aporte] na hora apropriada, mas não colocamos questão nenhuma como pré-condição", disse.

Já os russos disseram informalmente que deveriam contribuir com ao menos US$ 10 bilhões e que os chineses dariam US$ 60 bilhões.

A divisão ficou patente quando Lagarde, ao anunciar o mecanismo, chegou a retratar seu primeiro comunicado, no qual agradecia a Moscou e Pequim separadamente por especificar valores de aporte.

Os US$ 70 bilhões foram incluídos na conta total de US$ 430 bilhões do FMI sem origem determinada. A expectativa é que o recurso seja liberado para empréstimos tão logo seja formalmente criada a barreira anticrise.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.