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Marine Le Pen se torna 'porta-voz de todas as cóleras'

ROGÉRIO ORTEGA
DE SÃO PAULO

Abandono do euro, fim do Fundo Monetário Internacional, barreiras protecionistas, obstáculos ao que chamou de "invasão muçulmana" e volta da pena de morte à lei -foi com essas propostas que a advogada Marine Le Pen, 43, conquistou o voto de quase um em cada cinco franceses.

A direitista surpreendeu os institutos de pesquisa da França com uma votação, em termos percentuais, praticamente igual à que levou seu pai, Jean-Marie, ao segundo turno contra Jacques Chirac em 2002 -ele com 17,8%, ela com 17,9% dos votos totais.

Marine sucedeu ao pai -notório por propostas como a de construir campos para imigrantes ilegais, que geraram enorme controvérsia- na chefia da Frente Nacional, partido de extrema direita que nesta eleição obteve votação inédita em áreas rurais.

Em entrevista ao jornal "Le Monde", Pascal Perrineau, diretor do centro de pesquisas da universidade Sciences Po, avalia que as ideias da candidata encontraram eco em regiões que sofreram forte desindustrialização, com fechamento de pequenas empresas e migração para o campo.

Somando isso à perda de poder aquisitivo na zona rural, muitos eleitores se voltaram para o discurso protecionista de Marine -que, para Perrineau, tornou-se a "porta-voz de todas as cóleras".

No cenário mais amplo da crise europeia, a visão da líder da Frente Nacional de que o euro está "morto" e o projeto europeu acabou (conforme ela disse em entrevista à Folha, em maio de 2011) também lhe rendeu votos além da fatia que seu partido costuma obter em cada pleito.

Casada pela terceira vez e mãe de três filhos, Marine é não raro considerada mais moderada que o pai -o filósofo Bernard Henri-Lévy já a definiu como "extrema direita com face humana". Para seus críticos, porém, as ideias são as mesmas, repaginadas.

A candidata já negou ser racista ou xenófoba e diz não ser contra os imigrantes -seu discurso fala em "priorizar os franceses, seja qual for a sua origem"-, mas contra a imigração, que considera dispendiosa para o país e para a qual defende uma moratória.

"Temos € 200 bilhões de deficit por ano e continuamos a importar desempregados", disse na entrevista à Folha.

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