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Vale avalia cortar projeto de US$ 6 bi na Argentina

Expropriação da petroleira YPF será considerada na decisão da empresa

Empreendimento da companhia no país vizinho busca suprimento de potássio para mercado brasileiro

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

A Vale estuda se mantém um investimento de cerca de US$ 6 bilhões em um projeto de mineração de potássio e logística na Argentina.

A expropriação da petroleira YPF pelo governo argentino, na semana passada, contribuiu para deixar a Vale mais atenta ao empreendimento no país vizinho.

"Esse evento político é mais um elemento para a nossa avaliação", afirmou ontem o presidente da Vale, Murilo Ferreira.

A crise entre o governo argentino e empresas estrangeiras -que também atingiu a Petrobras com o cancelamento da concessão de um poço de petróleo por uma província- não é o único motivo para a reavaliação do projeto, que fica em Mendoza.

Ferreira citou como preocupações da mineradora fatores macroeconômicos, como a política cambial, a possibilidade de aumento de impostos sobre as exportações e a alta da inflação, que pode chegar a 30% na Argentina, segundo estimativa citada pelo executivo.

Mas também há divergências com a administração local. Chamado Rio Colorado, o projeto prevê, além da mina de potássio, a renovação de uma ferrovia, a construção de um novo ramal ferroviário e um terminal marítimo em Bahía Blanca.

Segundo o presidente da Vale, há discussões com a província sobre as ferrovias e o porto, incluindo a liberação de licenças ambientais e de instalação.

"Existe um elevado número de incertezas que nos fazem levar esse caso ao Conselho de Administração", afirmou durante teleconferência com jornalistas.

Ele afirma que a diretoria da empresa já havia iniciado estudos sobre a continuidade do projeto antes da expropriação da YPF pelo governo.

MINERAL ESTRATÉGICO

Dos US$ 5,9 bilhões que a mineradora planejou investir no Rio Colorado, US$ 1,1 bilhão já foi executado, segundo informações divulgadas pela empresa.

Além dos aportes já realizados no projeto, também pode pesar sobre a decisão da Vale de desistir ou manter o empreendimento o fato de o potássio -utilizado na produção de fertilizantes- ser um mineral estratégico para o Brasil, que importa cerca de 90% do que consome.

Em Rio Colorado, a Vale teria capacidade para produzir 4,3 milhões de toneladas de potássio por ano, volume em linha com a demanda anual brasileira.

Segundo os dados mais recentes do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), referentes ao ano de 2010, o consumo aparente de potássio no Brasil é de aproximadamente 4 milhões.

Em 2011, a Vale produziu apenas 625 mil toneladas de potássio, em Sergipe.

Colaborou PEDRO SOARES, em SÃO PAULO

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